A dorstädning, uma prática sueca de limpeza e desapego, ajuda a evitar que a montanha de objetos acumulados recaia sobre entes queridos após a morte, promovendo um minimalismo que desafia a cultura consumista.
Aos 90 anos, Magnusson compartilha sua rotina diária de limpeza, um hábito que o ajuda a manter a organização em sua vida. Ele acredita que a limpeza é um processo contínuo e que, ao longo dos anos, é possível se desapegar de objetos desnecessários e alcançar um estado de minimalismo.
Quando pensamos em nossas casas, é comum encontrar objetos que não têm mais utilidade ou que simplesmente não nos trazem alegria. Roupas velhas, eletrodomésticos obsoletos e fotos de pessoas desconhecidas são apenas alguns exemplos de como podemos acumular coisas desnecessárias. O desapego é um processo difícil, mas é essencial para alcançar um estado de organização e minimalismo em nossas vidas. Ao se desapegar de objetos desnecessários, podemos criar um espaço mais limpo e organizado, onde podemos viver de forma mais simples e eficiente. A simplicidade é a chave para uma vida mais feliz.
A Arte da Limpeza antes da Morte
Imagine a dor de cabeça que sua família pode ter ao lidar com todos os seus pertences após sua morte. Os suecos, no entanto, têm uma abordagem pragmática para lidar com essa situação: eles organizam e se desfazem de grande parte de seus pertences antes de morrer. Essa prática é conhecida como döstädning, um termo que combina a palavra dö (morte) e städning (limpeza). A ideia é não deixar um monte de lixo para trás quando você morrer, lixo que outras pessoas vão ter que dar um fim.
A artista sueca nonagenária Margareta Magnusson explica em detalhes no livro O que deixamos para trás: a arte sueca do minimalismo e do desapego. ‘A ideia é não deixar um monte de lixo para trás quando você morrer. Lixo que outras pessoas vão ter que dar um fim’, explica Magnusson. ‘Nesta cultura consumista em que vivemos, o döstädning é uma forma de ajudar aqueles que deixamos para trás’.
A Importância da Organização e do Desapego
A morte de um ente querido pode deixar para muita gente uma montanha de problemas não resolvidos, coisas para organizar, além de uma tristeza sem fim. ‘Um dia, quando você não estiver mais aqui, sua família vai ter que lidar com todas as suas coisas, e não acho isso justo’, explica Magnusson. ‘Pense nas suas pessoas favoritas. Você quer colocar todo seu lixo no colo delas? E pense em todas as suas coisas favoritas: elas deveriam acabar na lixeira?’
Magnusson teve que cuidar de tudo que seu pai, sua mãe e seu marido deixaram para trás após falecerem. ‘Tive que arrumar tudo tantas vezes após a morte de outra pessoa que não obrigaria ninguém a fazer isso após minha morte’, acrescenta a autora. Ainda assim, a artista reconhece que o processo não é fácil para todos. ‘Fazer um inventário de todos os nossos pertences antigos, lembrar da última vez que os usamos, e dizer adeus a alguns deles, não é uma tarefa fácil para muita gente’.
A Limpeza como uma Forma de Alívio
Mas Magnusson admite que está sempre fazendo este tipo de limpeza, porque ‘gosto de ter tudo bonito e arrumado ao meu redor’. ‘Gostei de rever minhas memórias, minha vida. Dar coisas para meus netos e meus filhos’. ‘Não vejo isso como algo triste’, ela diz. ‘Mas, sim, como um alívio’. A limpeza antes da morte pode ser uma forma de ajudar aqueles que deixamos para trás, e também uma forma de encontrar alívio e paz.
Fonte: @ Terra