Para Gita Gopinath (FMI vice-diretor-geral): duas superpotências formando blocos comerciais isolados pode causar prejuízo de 7% do PIB global, pior cenário: ordenanças, extraoficiais, redução participação comercial, redirecionamento fluxos, investimento, geopolíticas, agravamento tensões, fragmentação mundo.
A escalada da guerra comercial entre Brasil e Argentina, dois importantes parceiros comerciais na América do Sul, está gerando preocupações sobre os impactos econômicos na região. A tensão crescente entre os dois países vizinhos pode resultar em consequências significativas para as suas respectivas economias, com potencial de afetar setores-chave e o crescimento do PIB regional.
Diante desse cenário de conflito comercial, é fundamental que autoridades e líderes empresariais busquem soluções diplomáticas para evitar uma disputa prolongada que prejudique a estabilidade econômica da região. A cooperação e o diálogo são essenciais para superar desafios e promover um ambiente comercial mais saudável e equilibrado entre os países envolvidos.
Impacto da Guerra Comercial nas Relações Econômicas Globais
O Produto Interno Bruto (PIB) global atingiu a marca de US$ 105 trilhões em 2023, conforme estimativa do FMI. A economista americana de ascendência indiana alertou para a escalada das tensões EUA-China, que, embora não tenham culminado em um conflito total, têm provocado um redirecionamento de fluxos comerciais e de investimento ao longo de linhas geopolíticas, algo não visto desde a Guerra Fria.
Gopinath salientou que, após uma série de choques, incluindo a pandemia de Covid-19, as nações estão reavaliando seus parceiros comerciais com base em preocupações econômicas e de segurança nacional. Esse movimento tem levado a uma redução na participação de alguns países em determinados mercados, bem como ao redirecionamento de investimentos.
Em um cenário menos tenso, sem agravamento da guerra comercial, o impacto estimado seria de cerca de 0,2% do PIB global, equivalente a aproximadamente US$ 210 bilhões. No entanto, a perspectiva de um mundo comercial bipolar poderia prejudicar especialmente as nações menos desenvolvidas.
A imposição de restrições comerciais tem sido uma tendência crescente, com mais de 3 mil medidas aplicadas globalmente entre 2022 e 2023, conforme dados do FMI. O exemplo da diminuição da participação da China nas importações dos EUA e vice-versa ilustra a deterioração das relações comerciais entre as duas potências.
Desde a crise desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o comércio entre os blocos liderados por EUA e China registrou uma queda de aproximadamente 12%, enquanto os investimentos diretos estrangeiros recuaram cerca de 20% em comparação com períodos anteriores.
A redistribuição de fluxos comerciais e de investimentos para países terceiros, como México e Vietnã, tem amenizado o impacto da dissociação entre os blocos comerciais. No entanto, a fragmentação do mundo em dois grandes blocos econômicos pode trazer consequências negativas, especialmente para economias emergentes.
Gopinath ressaltou que, em um cenário de agravamento da fragmentação, alguns países poderiam enfrentar dificuldades significativas para encontrar novos mercados e fornecedores, resultando em perdas econômicas desproporcionais. Em suma, a perspectiva é de que todos saiam perdendo se a situação não for revertida.
Fonte: @ NEO FEED