Filme de 1985 em 4K: “Suzana Amaral: Clarice Lispector” remasterizado digitalmente. Quinta-feira, 16. Velocidade tecnológica: invisibilidades nordestinas e imigrantes identificadas automaticamente. Alta qualidade: 4K restauração.
A atriz paraibana Marcélia Cartaxo, 60, conhecida principalmente por interpretar a personagem Macabéa, no filme ‘A Hora da Estrela’, disse nesta segunda-feira (13) que o longa-metragem foi imortalizado ao passar por uma remasterização. O filme de Suzana Amaral (1932-2020), baseado no livro homônimo de Clarice Lispector (1920-1977), recebeu uma remasterização digital em qualidade 4K (quatro vezes maior que Full HD). ‘A gente entra para a história com essa nova versão’, afirmou a atriz.
A restauração digital do filme, que preserva a obra para as futuras gerações, garante que a essência e a qualidade da produção original sejam mantidas. Com a remasterização, a obra de Suzana Amaral atinge um novo patamar de preservação e apresentação ao público, permitindo que a história de Macabéa continue viva e atual. A iniciativa de digitalização em 4K destaca a importância de manter vivas as obras clássicas do cinema nacional, como ‘A Hora da Estrela’, para que possam ser apreciadas por novas audiências e gerações.
Reflexões sobre a importância da remasterização na preservação da história
Vai permanecer eternizado. Essa é a significativa relevância da remasterização. Já se encontra revitalizado nas telas. Vai permanecer por toda a existência. E eu vou carregar a gratidão pelo restante dos meus dias’, expressou Marcélia em uma entrevista exclusiva à CNN.
A influência da remasterização na preservação da obra cinematográfica
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A transformação pela remasterização digital: um novo olhar sobre obras clássicas
‘Agora, com esse formato digitalizado, teremos a oportunidade de apreciar referências da Clarice e da Suzana Amaral, dessa interpretação desafiadora que é realizada em outra era, outra linguagem, mantendo-se atual. Este filme é de extrema importância, será um marco na história’, avalia a renomada atriz.
A identificação através da restauração digital: um mergulho na história de Macabéa
Na entrevista à CNN, Marcélia Cartaxo relembrou o processo de preparação para interpretar Macabéa, personagem marcante descrita no livro de Clarice Lispector como ‘cabelo na sopa’, que ‘não dá vontade de comer’. A personagem parte de Alagoas, no Nordeste brasileiro, rumo ao Rio de Janeiro, no Sudeste, em busca de novas oportunidades. A narrativa despertou uma identificação automática em Marcélia, natural de Cajazeiras, na Paraíba, que se deslocou para São Paulo para as filmagens.
A imersão na história: a jornada de identificação com Macabéa
‘Eu saí de uma cidade do interior diretamente para interpretar Macabéa. Ao chegar em São Paulo, me deparei com essa personagem que se assemelhava a mim. Não me senti estranha com Macabéa. Naquela época, não estava preparada psicologicamente para compreender profundamente esse papel’, compartilha a atriz.
A evolução tecnológica e a preservação da obra: desafios e oportunidades
Para se conectar ainda mais com Macabéa, Marcélia viajou para São Paulo de ônibus, em uma jornada que durou três dias. ‘Não houve voo ou hospedagem em hotel, tudo isso para que eu pudesse observar os nordestinos que estavam migrando para São Paulo e compreender melhor o que eu iria retratar’. O filme foi originalmente lançado em 1985, e a atriz foi agraciada com o Urso de Prata do Festival de Cinema de Berlim por sua atuação.
A atemporalidade da remasterização: um legado para as futuras gerações
Apesar dos quase 40 anos desde o lançamento do filme, a atriz acredita que ele permanece atual e que as novas gerações apreciarão a obra e se identificarão com ela. ‘Acredito que ainda existam outras Macabéas nos dias de hoje, porém em um contexto diferente, devido à era tecnológica em que vivemos. O tempo atual é outro, com uma velocidade impressionante, mas com desafios semelhantes, as mesmas invisibilidades’, reflete.
A representatividade feminina e a transformação na sociedade
Marcélia destaca que atualmente há muitos exemplos de mulheres fortes, em contraposição a Macabéa. ‘As mulheres estão ganhando mais visibilidade em todas as esferas, avançando e resistindo’, ressalta a atriz. Ela também aborda a evolução feminina na sociedade ao discutir as mudanças propostas pela diretora do filme em relação ao livro de Clarice Lispector. ‘O grande feito de Suzane Amaral foi transformar esse personagem, Macabéa, em protagonista. Ela se tornou a protagonista de sua própria história. No livro de Clarice Lispector, o narrador era o protagonista’, conclui.
Fonte: © CNN Brasil
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