Com verão quente, El Niño e acumulados entulhos favorecem proliferação de mosquitos Aedes, afetando pequenas infraestruturas urbanas, especialmente durante ondas de calor régime.
Apesar de não ser, à primeira vista, uma época favorável para o aumento dos casos de dengue devido às temperaturas mais baixas, a preocupação com a doença se soma a outras questões de saúde pública em decorrência das chuvas intensas e dos alagamentos que têm afetado o Rio Grande do Sul.
Além disso, os alagamentos causaram transtornos em diversas regiões, impactando a rotina da população e exigindo ação rápida das autoridades para minimizar os danos e prestar assistência às famílias afetadas;.
Alerta de Alagamentos: Impactos do Veranico e do Regime de El Niño
Os casos de alagamentos costumam ocorrer no verão, mas, de acordo com o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Cristóvão Barcelos, também podem surgir em maio, durante o veranico, quando as temperaturas se elevam. No Rio Grande do Sul, o veranico de maio é famoso e caracterizado por um período de calor intenso. Barcelos ressalta que, em maio, a região entra em regime de El Niño, um fenômeno climático histórico que traz mudanças significativas no clima, gerando uma pequena onda de calor em um período que deveria ser de frio.
Em meio a esse cenário, a possibilidade de novas ondas de calor é uma preocupação, especialmente devido aos impactos nos alagamentos. Barcelos alerta para a situação de calamidade, com perda de serviços, abastecimento de água comprometido e infraestrutura urbana danificada. Em caso de uma onda de calor nas próximas semanas, o risco de um grande surto de dengue aumenta, principalmente no Rio Grande do Sul, onde a infraestrutura foi severamente afetada.
O pesquisador destaca a dificuldade em eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, especialmente em um cenário de alagamentos e entulhos acumulados. Com a população enfrentando desafios para cuidar de seus quintais e descartar adequadamente o lixo, a proliferação do mosquito pode se tornar ainda mais preocupante em meio a uma onda de calor.
Os ovos do Aedes aegypti possuem alta resistência ao frio, podendo eclodir e se desenvolver em condições de água parada e quente. Em anos recentes, casos de dengue têm sido registrados durante todo o inverno no Rio Grande do Sul, evidenciando a necessidade de vigilância constante, mesmo em períodos de baixa transmissão.
A Secretaria de Saúde do estado alerta para a presença de municípios infestados e o potencial acúmulo de entulhos, que podem servir como criadouros do mosquito transmissor da dengue. Além disso, a água parada dos alagamentos representa um ambiente propício para a proliferação do Aedes aegypti, mesmo em locais onde tradicionalmente não era observada sua presença.
Diante desse cenário, é fundamental manter a atenção e adotar medidas preventivas, especialmente em períodos de veranico e regime de El Niño, que podem agravar os impactos dos alagamentos e favorecer a disseminação de doenças como a dengue. A conscientização e a ação coletiva são essenciais para enfrentar os desafios decorrentes desses eventos climáticos e garantir a saúde e segurança da população.
Fonte: @ Agencia Brasil