Especialistas apontam que 46,2% dos adultos e 17,9% dos adolescentes tiveram contato com apostas virtuais no ano passado, afetando a saúde pública, relacionamentos conjugais e agravando desigualdades sociais.
Os jogos de azar virtuais representam uma ameaça significativa à saúde pública, pois podem atuar como fatores viciantes e prejudiciais, semelhantes ao álcool e ao tabaco. A dependência desses jogos pode levar a consequências graves para a saúde mental e financeira dos indivíduos.
Além disso, as apostas e jogos de aposta online podem ser particularmente perigosos, pois permitem que os usuários façam bets de forma rápida e fácil, sem a necessidade de sair de casa. Isso pode levar a um ciclo vicioso de perda e dívida, que pode ser difícil de romper. É importante que as autoridades tomem medidas para regulamentar e controlar esses jogos de azar, a fim de proteger a saúde e o bem-estar da população.
Jogos de Azar: Um Problema de Saúde Pública
A Comissão Lancet, ligada ao renomado periódico científico, publicou um editorial e uma série de artigos que alertam sobre o crescimento desenfreado das apostas online e os danos à saúde mental e financeira da população. O documento destaca a teia complexa que os jogos de aposta formam, capaz de prender não só os usuários que estão expostos 24 horas por dia e sete dias por semana ao comportamento viciante, graças aos celulares, mas também os problemas causados em relacionamentos conjugais e entre familiares.
Os jogos de azar são um problema de saúde pública que afeta não apenas os usuários, mas também suas famílias e a sociedade como um todo. A Comissão Lancet estima que as perdas líquidas globais dos usuários podem chegar a 700 bilhões de dólares até 2028. Além disso, os jogos de azar podem aprofundar as desigualdades sociais, considerando que os apostadores em dependência podem não só comprometer o orçamento como se endividar.
Apostas e Jogos de Aposta: Um Problema de Saúde Pública
A Comissão Lancet apela aos governos e formuladores de políticas para tratar o jogo como uma questão de saúde pública, assim como para outras commodities viciantes e prejudiciais à saúde, como álcool e tabaco. Além disso, a Comissão fornece recomendações para prevenir e mitigar a ampla gama de danos associados ao jogo.
Com base em dados do ano passado, a comissão estimou que 46,2% dos adultos e 17,9% dos adolescentes já tiveram algum tipo de contato com essas plataformas, mas a população que se enquadra no perfil de jogador patológico é de cerca de 1,4%. Embora pareça um número pequeno, os altos índices de pessoas experimentando os jogos combinados com o potencial de viciar dos jogos de azar configuram algo preocupante.
Prevenção e Mitigação dos Danos Associados ao Jogo
A Comissão Lancet recomenda que os governos estabeleçam idade mínima para uso e atuem para que a identificação seja obrigatória. Além disso, a Comissão sugere que a Organização Mundial da Saúde (OMS) incorpore o tema em seu plano de trabalho e que seja criada uma resolução sobre as dimensões da saúde pública impactadas pelo jogo na Assembleia Mundial da Saúde.
A Comissão também destaca a importância de separar os interesses econômicos e o cuidado com a saúde pública. As cifras expõem a complexidade do tema, com as bets tendo potencial de movimentar R$ 130 bilhões por ano no Brasil. A regulamentação, por sua vez, deve considerar o zelo pelo usuário e ter um órgão regulador independente.
Fonte: @ Veja Abril