Filósofa e ativista defende que punir os assassinos de Marielle não basta para Justiça, é preciso realizar seus sonhos na política para manter seu legado.
A filósofa e ativista Angela Davis esteve no Rio de Janeiro para participar do Festival LED – Uma luz na educação e destacou a importância de manter viva a memória de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018. Davis ressaltou a relevância de continuar a luta pelos direitos humanos e sociais, seguindo o legado deixado por Marielle.
Em meio às discussões sobre o PL 1904 e outros temas polêmicos, a presença de Angela Davis trouxe à tona a necessidade de fortalecer a voz das minorias e defender pautas progressistas. A filósofa reforçou a inspiração que Marielle Franco representa para as futuras gerações, enfatizando a importância de manter viva a memória da vereadora e seguir lutando por justiça e igualdade em nossa sociedade.
Marielle Franco: Uma Voz Contra o Autoritarismo e a Violência
Angela Davis, conhecida ativista, concedeu uma entrevista na quinta-feira (20), antes de sua participação no LED, onde abordou a prisão dos acusados de serem os mandantes da morte da vereadora Marielle Franco. Para Davis, é fundamental não apenas punir os assassinos de Marielle, mas também realizar os sonhos que ela tinha na política, como forma de preservar seu legado.
‘Acho que é crucial tentar concretizar os sonhos de Marielle. Valorizo o que ela estava fazendo para combater o autoritarismo militar e desafiar a violência das incursões policiais’, afirmou Davis. Ela ressaltou a importância de não se limitar a buscar justiça apenas através da punição dos responsáveis pela morte de Marielle.
Durante a conversa, Angela Davis destacou a importância de reconhecer que a conspiração que resultou na morte de Marielle envolveu não apenas criminosos, mas também agentes policiais, como o delegado Rivaldo Barbosa. ‘Penso em Marielle constantemente. Imagino o quanto ela teria conquistado nos últimos cinco ou seis anos’, refletiu.
Davis compartilhou uma experiência pessoal, revelando que adquiriu uma placa com um retrato de Marielle Franco em uma loja de Santa Teresa, durante uma visita à cidade antes da pandemia. ‘Eu abracei os ideais de Marielle e sinto que eles se entrelaçam com os meus. Acredito que ela também defenderia o fim do capitalismo’, acrescentou.
Além de seu envolvimento com a causa de Marielle Franco, Angela Davis mencionou seu amor pela Bahia, revelando que costuma passar férias nesse local e expressando o desejo de retornar em breve. Apesar de ter vindo ao Rio apenas pela segunda vez, Davis lamentou ter contraído um resfriado durante a viagem.
Ao abordar a polêmica em torno do PL 1904, que equipara o aborto ao crime de homicídio e restringe os direitos das vítimas de estupro, Angela Davis ressaltou a importância de não dar como garantidos os direitos das mulheres. Ela lembrou a resistência de mulheres contra a esterilização forçada de mulheres pobres e destacou a necessidade de uma luta mais ampla pela justiça reprodutiva.
‘A defesa do direito ao aborto deve ser acompanhada pela luta contra o abuso da esterilização, que historicamente afetou mulheres indígenas e negras’, enfatizou Davis. Para ela, é essencial reconhecer as disparidades no acesso aos serviços de saúde entre mulheres brancas de classe média e mulheres negras e pobres.
Angela Davis também abordou a importância de diferentes formas de ativismo, destacando que a luta não se resume apenas a manifestações de rua. ‘Estar nas ruas é uma forma de manifestação, mas não define o movimento. É fundamental reconhecer o papel das massas nas manifestações, mas o movimento vai além disso’, concluiu.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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