A empresa, que priorizou dividendos e recompras em vez de investir em segurança, enfrentou acidentes catastróficos devido à falta de capital e movimento corporativo.
A trajetória recente da Boeing revela a empresa em um momento delicado. Após ceder 10 pontos percentuais de participação de mercado para a rival Airbus, o 737-Max é um modelo que enfrentou diversos problemas e ocasionou acidentes graves, na Indonésia e na Etiópia, resultando em um verdadeiro desafio para a companhia.
O setor de aviação tem sido impactado diretamente pelas falhas do 737-Max, levando a Boeing a enfrentar uma crise sem precedentes. A empresa agora busca soluções para reconquistar a confiança dos clientes e restaurar sua reputação no mercado de aviação internacional.
Boeing: Uma Companhia em Movimento na Aviação
Em 7 de julho, o governo dos Estados Unidos anunciou que a Boeing concordou, em princípio, em se declarar culpada de fraude em relação aos trágicos acidentes com seus 737-max em 2018 e 2019. Essa decisão marca um ponto crucial para a empresa de aviação, que agora enfrenta uma situação catastrófica. Segundo a The Economist, a Boeing está agora sob escrutínio como uma criminosa corporativa.
A queda da Boeing e sua atual situação podem ser explicadas por três pontos-chave em sua história corporativa. O primeiro deles remonta a 1997, quando a Boeing adquiriu a concorrente McDonnell Douglas, dando início a um período de consolidação na indústria de defesa dos EUA. Esse movimento marcou o início da transformação da Boeing em uma grande corporação global.
O segundo ponto crítico ocorreu a partir de 2005, quando a empresa optou pela terceirização da produção. Essa estratégia visava reduzir a necessidade de capital para investimentos, transformando a Boeing de fabricante em montadora de aviões. No entanto, essa mudança teve consequências negativas, incluindo a redução dos investimentos em inovação e segurança.
Entre 2014 e 2020, a Boeing distribuiu impressionantes US$ 61 bilhões em dividendos e recompras de ações, em vez de direcionar esses recursos para a segurança das aeronaves e o desenvolvimento de novos modelos. Essa abordagem levantou questionamentos sobre as prioridades da empresa e seu compromisso com a segurança.
O programa mais recente da Boeing, o 787 Dreamliner, lançado em 2004, foi bem recebido por Wall Street e impulsionou o valor de mercado da empresa para mais de US$ 200 bilhões em 2019. Atualmente, a Boeing tem um market cap de US$ 112,8 bilhões, refletindo sua posição no mercado de aviação.
Apesar das críticas e desafios enfrentados, a Boeing está determinada a gerar fluxo de caixa livre nos próximos anos. O CEO, David Calhoun, prometeu renunciar até o final de 2024, mas a empresa enfrenta decisões difíceis em relação à segurança e à cultura organizacional. A necessidade de reabilitação é evidente, e a Boeing precisa reconquistar a confiança do público e dos investidores para garantir seu futuro no setor da aviação.
Fonte: @ NEO FEED