Desafios incluem pesquisa para entender impactos de longo prazo nos solos brasileiros. Tecnologia inicial baseada na comercialização de créditos.
Uma pesquisa recente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) trouxe à tona a importância do biocarvão no cenário nacional, uma alternativa sustentável e promissora. Com apenas 230 empresas ao redor do globo utilizando essa tecnologia, o Brasil ainda tem muito a explorar nesse campo inovador.
O biocarvão, também conhecido como biochar, tem o potencial de revolucionar a maneira como lidamos com resíduos orgânicos e promover a sustentabilidade ambiental. Com o apoio de iniciativas governamentais e privadas, a produção de biocarvão pode se tornar uma realidade em larga escala, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia nacional.
Biocarvão: Uma Solução Inovadora Baseada na Natureza
O biocarvão, conhecido também como biochar, é um material que se assemelha ao carvão vegetal, porém é produzido a partir da biomassa através do processo de pirólise. Considerado uma solução baseada na natureza (SbN) para combater as mudanças climáticas, seu potencial para a remoção permanente de carbono é visto como um pontapé inicial fundamental para a agricultura brasileira.
A utilização do biocarvão pode não apenas beneficiar os solos, mas também abrir novas oportunidades na comercialização de créditos de carbono no mercado voluntário. Apesar dos desafios, como a necessidade de mais pesquisas para compreender os impactos a longo prazo nos solos do Brasil, bem como as barreiras econômicas e tecnológicas para a produção em larga escala, empresas como a NetZero, green tech francesa, estão investindo no país.
Em 2023, a primeira fábrica de biocarvão foi inaugurada em Lajinha, Minas Gerais, seguida por outra em Brejetuba, Espírito Santo, que entrou em operação este ano. A NetZero planeja construir pelo menos mais duas plantas no Brasil, visando ampliar a produção e demonstrar a replicabilidade e escalabilidade do modelo.
O biocarvão se destaca do carvão vegetal pela sua aplicação como corretivo de solos agrícolas, contribuindo para aumentar a produtividade e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Obtido por meio da pirólise, o biocarvão atua como uma esponja de carbono no solo, retendo água e nutrientes, o que resulta em ganhos de produtividade e redução no uso de fertilizantes.
Além disso, o biocarvão tem a vantagem de gerar créditos no mercado voluntário de carbono, com preços mais elevados devido aos benefícios climáticos que proporciona. Comparado a outras categorias de crédito de carbono, o biocarvão tem um valor de mercado entre R$ 600 e R$ 1 mil por tonelada, tornando-se uma opção atrativa para os projetos agrícolas nacionais.
A tecnologia por trás do biocarvão oferece uma solução de longo prazo para a agricultura, promovendo a sustentabilidade e a competitividade dos produtos agrícolas brasileiros. Com potencial para transformar a maneira como lidamos com os solos e o meio ambiente, o biocarvão representa uma abordagem inovadora e promissora para enfrentar os desafios climáticos atuais.
Fonte: @ Mercado e Consumo