Thomas Midgley Jr. foi famoso por criar o aditivo de chumbo na gasolina e o composto de Freon, prejudiciais à camada de ozônio e à radiação ultravioleta.
Diante de uma plateia de repórteres, o inventor Thomas Midgley Jr. demonstrou sua mais recente criação: um aditivo de chumbo. Derramando o líquido sobre suas mãos, ele respirou seus vapores por um minuto, afirmando com confiança: ‘Eu poderia realizar esse experimento diariamente sem qualquer preocupação com minha saúde’. No entanto, logo em seguida, Midgley precisou de cuidados médicos devido à exposição.
Esse episódio marcante ilustra a coragem e ousadia de um inventor em busca de soluções inovadoras. Mesmo enfrentando contratempos, como a necessidade de assistência médica, Midgley permaneceu firme em sua jornada como idealizador de novas tecnologias. Sua determinação e criatividade o tornaram uma figura emblemática no mundo da ciência.
Desenvolvimento do composto de chumbo tetraetila
Mas o ato teria consequências terríveis além de seu próprio bem-estar. O ano era 1924, e Midgley, então engenheiro químico da General Motors, havia feito essa demonstração para apoiar sua descoberta mais recente e lucrativa: um composto de chumbo chamado chumbo tetraetila. Adicionado à gasolina, ele resolveu um dos maiores problemas que a indústria automotiva enfrentava na época — a detonação do motor, ou pequenas explosões nos motores de carros devido à baixa qualidade da gasolina, resultando em um som irritante e possível dano. O chumbo ajudava, mas a um custo muito alto, pois a substância é altamente tóxica para os seres humanos, especialmente crianças.
Impacto do inventor Midgley na camada de ozônio
Midgley deixaria sua marca na história com outra invenção destrutiva, também uma solução para um problema: a necessidade de substituir os gases nocivos e inflamáveis usados em refrigeração e ar condicionado. Ele descobriu que os CFCs, ou clorofluorcarbonetos, eram um substituto ideal e inofensivo para os seres humanos. No entanto, eles se revelaram mortais para a camada de ozônio na atmosfera, que bloqueia a perigosa radiação ultravioleta que pode causar câncer de pele e outros problemas de saúde, além de prejudicar plantas e animais.
Legado do criador Midgley e sua trajetória
Cem anos após aquela demonstração para a imprensa em 1924, o planeta ainda está se recuperando dos efeitos nocivos das duas invenções de Midgley. A camada de ozônio precisará de mais quatro décadas para se recuperar totalmente, e como a gasolina com chumbo ainda era vendida em partes do mundo até 2021, muitos continuam a viver com os efeitos a longo prazo do envenenamento por chumbo. No entanto, Midgley — cuja história será contada em um filme em desenvolvimento pelo roteirista do filme ‘O Lobo de Wall Street’ (2013) — foi aclamado como um herói por décadas.
Nascido em Beaver Falls, Pensilvânia (EUA), em 1889, Midgley tinha uma inclinação para encontrar aplicações úteis para substâncias conhecidas desde cedo. No ensino médio, ele usou a casca mastigada das árvores de olmo para dar uma trajetória mais curva às bolas de beisebol, uma prática que jogadores profissionais adotariam mais tarde. Ele era conhecido por carregar consigo o tempo todo uma cópia da tabela periódica, sua principal ferramenta na busca pela substância que marcaria sua invenção revolucionária. A tarefa de resolver o problema da detonação do motor foi atribuída a Midgley enquanto trabalhava na General Motors em 1916.
Fonte: © CNN Brasil
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