Hebert, de Senador Camará, cria versões pretas do protagonista do Natal. Utiliza arte digital, colagem digital, cena brasileira, cultura funkeira e arte plástica.
Jesus preto é uma expressão que evoca fortes imagens e representações. No contexto da arte contemporânea, um artista carioca tem se destacado por suas obras que retratam Jesus preto de forma única e impactante. Ao utilizar técnicas de pintura e colagem digital, suas criações são uma verdadeira celebração da identidade e da cultura afro-brasileira.
Sua série de Jesus preto, que inclui obras como “A Ascenção Continua” de 2021, desafia as representações tradicionais de Jesus e oferece uma perspectiva mais diversa e inclusiva. Além disso, suas obras também exploram a ideia de um Jesus negro, um Jesus da cor das pessoas, um Jesus da favela, que se conecta com as experiências e realidades dos marginalizados. Com cada pincelada, ele pinta um Jesus que é, ao mesmo tempo, divino e humano, um Jesus que se identifica com as lutas e as vitórias do povo. Sua arte é um testemunho da busca por justiça e igualdade.
Jesus Preto: A Arte que Viralizou
Hebert Bichara Amorim, um artista plástico de 31 anos, teve sua vida transformada quando uma imagem de Jesus negro que ele criou viralizou em 2020. Desde então, ele não deixa passar um Natal sem criar uma nova versão de Jesus ‘da cor das pessoas que eu vejo’. Hebert, que usa o codinome artístico Artedeft, diz que a imagem que chamou atenção para seu trabalho ‘simbolizou tudo o que eu estava imaginando’. Ele não tinha computador ou placa de vídeo adequados, mas isso não o impediu de criar.
Além das imagens de Jesus preto, Hebert também criou outras obras de inspiração religiosa, como a capa de ‘Povo de Fé’, de Marcelo D2. Ele também trabalhou em projetos relevantes, como uma exposição sobre funk no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) e cenários para Toni Garrido e para o prêmio da Música Brasileira.
A Ascensão ao Céu
A imagem ‘Ascenção ao Céu’, de 2020, mostra Jesus preto de cabelo loiro subindo da favela aos céus, cercado de gente preta. Essa obra viralizou e chamou a atenção de renomados jornais, como o The Guardian, que publicou uma reportagem de uma página sobre a exposição no MAR.
A técnica de Hebert mistura pinturas e colagens digitais. Ele é autodidata e aprendeu a criar arte digital por meio de experimentação e pesquisa. Ele gosta de pesquisar imagens antigas e recriá-las com nova roupagem, recortar, pintar o rosto digitalmente ou pegar uma foto aleatória. O conteúdo inserido, das cores aos personagens, vem das vivências de Hebert.
A Influência da Favela e da Fé
Hebert cresceu na favela de Senador Camará, zona oeste do Rio de Janeiro. Ele é um grande fã do Flamengo e cresceu ouvindo funk e outras músicas da cultura funkeira. No entanto, ele também teve uma forte influência da fé, pois sua avó o levava à missa regularmente. Essa experiência criou conflitos e questionamentos sobre as cores das pessoas, a fé e a realidade ao redor.
A casa da avó de Hebert era cheia de símbolos e imagens da igreja, o que o fez questionar a realidade ao redor. No entanto, seus pais são umbandistas, o que adicionou mais complexidade à sua visão de mundo. Hebert diz que a Lapa é melhor do que a escola, pois é lá que ele aprendeu a criar e a expressar-se.
A Arte como Forma de Expressão
A arte de Hebert é uma forma de expressão da sua visão de mundo e da sua experiência como um jovem periférico. Ele diz que a arte é uma forma de mostrar a realidade ao redor e de questionar as coisas que não estão certas. Ele também acredita que a arte pode ser uma forma de transformar a sociedade e de criar um mundo melhor.
Hebert é um exemplo de como a arte pode ser uma forma de expressão e de transformação. Sua arte é uma reflexão da sua experiência e da sua visão de mundo, e é uma forma de mostrar a realidade ao redor. Além disso, sua arte também é uma forma de questionar as coisas que não estão certas e de criar um mundo melhor.
Fonte: @ Terra