Levantamento analisou impactos financeiros de aposentadorias precoces e licenças no Brasil, associadas a doenças cardiovasculares, câncer e episódios de violência. Campanha defende imposto sobre bebidas para entidades de saúde epidemiológica.
Os especialistas em saúde destacam a relação conhecida entre o consumo de bebidas alcoólicas e o surgimento de problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, como a hipertensão e o acidente vascular cerebral. Além disso, o álcool é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer, e o consumo excessivo pode levar a casos graves de violência.
Estudos apontam que o álcool pode ser prejudicial ao organismo, e não há uma dose considerada segura para o consumo regular. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, incluindo álcool, está associado a riscos para a saúde, como doenças cardiovasculares, problemas de saúde mental e aumenta o risco de acidentes, incluindo aqueles envolvendo veículos. O consumo de álcool também pode levar a episódios de violência, e a associação entre o álcool e o risco de violência é um tema de estudo para os especialistas em saúde pública.
Impactos do Álcool no Brasil: Morte, Doenças e Economia
Um estudo inovador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou os devastadores impactos do consumo excessivo de álcool no Brasil. A pesquisa descobriu que, por hora, o álcool é responsável por 12 mortes prematuras, além de custar ao país R$ 18,8 bilhões por ano. Esse valor inclui aposentadorias precoces, licenças médicas e mortes evitáveis, tornando-se um problema de saúde pública de grande magnitude.
A pesquisa foi realizada em parceria com as organizações Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde, que buscam alertar sobre os riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas. Os resultados são alarmantes: os homens são os principais vítimas do álcool, representando 86% das mortes. Além disso, os óbitos não são apenas resultado de acidentes e casos de violência, mas também de enfermidades causadas pela ingestão de bebidas alcoólicas, como as doenças cardiovasculares.
Custo Econômico e Epidemiológico do Álcool
A pesquisa ressaltou a importância de considerar a carga econômica e epidemiológica do álcool no Brasil. Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz, explica que a invisibilidade do álcool e a variação no consumo de bebidas alcoólicas entre as pessoas tornam difícil a discussão sobre os impactos desse problema. A pesquisa considerou os dados mais robustos sobre danos à saúde ao álcool no Brasil, provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, o que inclui hospitalizações.
Com esses dados, foi possível calcular os custos e o dado alarmante de 104,8 mil mortes atribuíveis ao álcool em 2019, o que significa uma média de 12 óbitos por hora. Mesmo assim, o problema é ainda maior, pois a pesquisa subestima os impactos do álcool na saúde do Brasil.
Imposto do Pecado e Reforma Tributária
O estudo é apresentado em meio às discussões sobre a conclusão da reforma tributária ainda neste ano e implementação do imposto seletivo, apelidado como ‘imposto do pecado’, uma sobretaxa para itens nocivos à saúde e ao ambiente. As bebidas alcoólicas estariam neste grupo. Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies, afirma que a reforma tributária pode ser uma oportunidade para salvar centenas de milhares de vidas.
Também foi lançada a segunda fase de uma campanha sobre os efeitos nocivos do álcool do programa Reset Álcool intitulada ‘Quer uma dose de realidade?’. Ao longo do mês, serão exibidas peças publicitárias nas redes sociais e em pontos estratégicos de Brasília com uma estética parecida com as advertências sobre os males do cigarro.
Fonte: @ Veja Abril