Economista-chefe do BV prevê que o Brasil não será afetado pela crise imobiliária chinesa devido a incentivos governamentais e cortes de juros.
A expansão da população, o crescimento urbano e políticas públicas favoráveis impulsionaram a indústria imobiliária na China, trazendo prosperidade econômica por muitos anos. Esse cenário promissor resultou em um crescimento médio de cerca de 9% ao ano desde 1989, fortalecendo a economia do país asiático. No entanto, a crise imobiliária da China começou a se desenhar em 2020 com a chegada da pandemia de Covid-19, gerando impactos significativos no mercado imobiliário.
A crise do mercado imobiliário chinês revelou fragilidades e desequilíbrios que estavam presentes no setor, desencadeando uma série de desafios para a economia local e para os investidores estrangeiros. A volatilidade do mercado e a incerteza em relação ao futuro levaram a uma reavaliação das políticas e estratégias do governo, visando conter os efeitos negativos e buscar soluções para estabilizar a situação. Nesse contexto, a China enfrenta uma fase de ajustes e transformações necessárias para superar a crise e retomar o crescimento econômico.
Reflexos da Crise imobiliária da China nas Incorporadoras
As incorporadoras que surfaram os bons momentos da construção agora se viam em um País com a população diminuindo e empobrecendo, o que gerou a diminuição da demanda, a queda no preço dos prédios e o esvaziamento de edifícios. Esta crise imobiliária impulsionou empresas do setor a buscarem empréstimos para lidar com o cenário negativo enquanto a bolha estourava.
Nos primeiros dois meses de 2024, as vendas de edifícios comerciais caíram cerca de 20,5% e os investimentos no setor registraram queda de 9%, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China. Enquanto a crise imobiliária chinesa afeta o crescimento local, outras nações também já sentem os efeitos das instabilidades na segunda maior economia do mundo.
Influência da Crise do Mercado Imobiliário Chinês no Brasil
O Brasil, entretanto, não deve sofrer tanto com o declínio observado no mercado imobiliário chinês. É isso que afirma Roberto Padovani, Economista-chefe do banco BV. ‘Hoje somos menos dependentes do ciclo econômico da China, o que suaviza o impacto dessa desaceleração’, argumenta. ‘Pelo contrário, nos tornamos um grande exportador global de commodities para outros mercados’, acrescenta.
O economista observa que a diminuição do ritmo de crescimento da China está ligada à queda do poder de consumo da população e a necessidade das empresas locais de renegociarem suas dívidas. Este cenário faz com que o País demande menos matérias-primas do mercado brasileiro. Por outro lado, a diminuição da demanda chinesa contribui com o barateamento da matéria-prima global.
Impacto Econômico e a Recuperação Repentina na China
‘O Brasil tem conquistado mercados globais e isso vai atenuando a influência da crise aqui, além de manter espaço para o Banco Central continuar cortando as taxas de juros’. Lições da crise chinesa Padovani argumenta que a crise imobiliária em curso na China também não é capaz de influenciar o mercado brasileiro.
‘Há a impressão de que depois da pandemia, passamos a ter mercados globais menos integrados, o que favorece países emergentes’, adianta. ‘O cenário da crise imobiliária chinesa exerce o efeito contrário e gera fatores que alimentam a renda, o crédito e a confiança no Brasil.
‘O que estamos vendo na China não é novo. É algo comum a países que crescem muito rápido em pouco tempo, como já aconteceu no Japão e na Coréia do Sul. Fatores como crédito forte e renda favorável vão criando uma bolha e quando você desacelera o crescimento, a bolha fura.
Estamos vivenciando um longo período de ajustes até a normalização’, observa. Para Padovani, a experiência chinesa deve seguir um processo lento de redução de endividamento das empresas. ‘A crise imobiliária tem convencido os investidores que a desaceleração que tem sido vista na China desde 2012 vai continuar. O debate é quanto. Ao invés de crescer 9% ao ano, pode ser 3%.
Fonte: © Estadão Imóveis
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