Exame do SUS pode antecipar diagnóstico da doença em até dez anos em relação ao papanicolau, graças à tecnologia de monitoramento de tipos de HPV e lesões pré-cancerosas, com resultados promissores e alta taxa de cobertura.
Um estudo inovador realizado por médicos do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism) da Unicamp revelou que o teste de DNA-HPV, recentemente incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), pode revolucionar a prevenção do câncer de colo do útero no Brasil, permitindo uma detecção precoce e eficaz da doença.
Com a implementação desse teste, é possível identificar as mulheres que estão em risco de desenvolver o câncer cervical, permitindo uma intervenção precoce e reduzindo o risco de evolução da doença. Além disso, o teste de DNA-HPV também pode ajudar a prevenir a doença em estágios iniciais, melhorando significativamente as chances de cura e reduzindo a mortalidade associada ao câncer de colo do útero. A detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.
Avanços no Combate ao Câncer de Colo do Útero
Uma pesquisa realizada na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, revelou que uma nova tecnologia de monitoramento pode identificar lesões pré-cancerosas e cânceres até dez anos antes do exame de papanicolau, método tradicional de rastreio. Essa tecnologia, quando integrada a um programa de monitoramento, pode ser uma ferramenta poderosa no combate ao câncer de colo do útero.
O teste de DNA-HPV detecta a presença de tipos de HPV de alto risco que podem causar câncer, como o HPV-16 e HPV-18. Ele é mais preciso que o papanicolau, pois identifica o vírus que pode levar ao câncer antes mesmo de surgirem alterações celulares visíveis. Além disso, o teste de DNA-HPV também mostrou maior eficiência ao detectar câncer em mulheres mais jovens.
Resultados Promissores no Combate ao Câncer Cervical
Na pesquisa, 20.551 mulheres foram examinadas ao longo de cinco anos, e a taxa de cobertura do teste foi de 58,7%, chegando a 77,8% quando se desconsideram os meses mais críticos da pandemia de covid-19. Os dados da pesquisa mostraram que o teste de DNA-HPV foi quatro vezes mais eficaz na detecção de lesões pré-cancerosas comparado ao papanicolau.
No estudo, 258 lesões precursoras de alto grau e 29 casos de câncer foram detectados. Além disso, 83% dos cânceres identificados estavam no estágio inicial (Estágio I), quando as chances de cura são muito maiores e o tratamento é mais simples. A idade média das pacientes diagnosticadas com câncer foi de 41,4 anos, em comparação aos 52 anos observados no método tradicional.
Impacto na Saúde Pública e no Combate ao Câncer de Colo do Útero
Além dos benefícios em termos de saúde, o estudo sugere que o uso do teste de DNA-HPV pode ser mais econômico para o sistema público de saúde a longo prazo. Embora o custo inicial do exame seja maior que o do papanicolau, a detecção precoce do câncer reduz a necessidade de tratamentos mais caros e agressivos, como quimioterapia e radioterapia, que são usados em casos mais avançados da doença.
Com a implementação nacional do teste, os pesquisadores estimam que o número de mortes por câncer de colo do útero, atualmente em cerca de 468 por mês, pode ser reduzido drasticamente. O estudo de Indaiatuba também está sendo replicado em outras regiões, como Recife, para avaliar a eficácia em populações maiores.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo