Profissionais de saúde explicam anualmente a patologia hereditária das hemoglobinas, seus distúrbios e tratamentos adequados.
A enfermidade falciforme afeta 30 milhões de indivíduos ao redor do globo e estima-se que a cada ano nascem 300 mil crianças com essa condição – somente no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 3,5 mil bebês nascem com a doença falciforme, que é uma patologia hereditária ocasionada por um único gene mais comum no mundo.
A anemia falciforme é uma condição genética que afeta a estrutura das hemácias, resultando em células em forma de foice. Essa doença hereditária pode causar complicações de saúde significativas ao longo da vida, impactando a qualidade de vida dos indivíduos afetados. É fundamental conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico adequado para quem convive com a doença falciforme.
Entendendo a Doença Falciforme: Uma Patologia Hereditária
Também conhecida como anemia falciforme, a doença falciforme compreende um grupo de distúrbios que afetam os glóbulos vermelhos do sangue, levando a hemácia a adquirir formato de foice (daí o nome) e causando anemia crônica de intensidade variável. Calcula-se que aproximadamente 7% da população seja acometida pelos transtornos das hemoglobinas, representados, em sua maioria, pelas talassemias e pela doença falciforme. O quadro clínico pode variar de leve a grave e o reconhecimento tardio é capaz de levar à morte nos primeiros anos de vida.
A Importância da Assistência Adequada na Doença Falciforme
A doença falciforme não tem cura e pode provocar o comprometimento das principais funções do organismo, caso o paciente não receba a assistência adequada. Entre as principais alterações provocadas pela condição, podemos citar anemia crônica, crises dolorosas, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, priapismo e úlceras de membros inferiores. No Brasil, a expectativa de vida dos pacientes é bem menor quando comparada com a população geral. Um estudo sobre a mortalidade no país identificou que dos 6.553.132 óbitos registrados entre 2015 e 2019, 3.320 foram em indivíduos com doença falciforme.
O Papel da Triagem Neonatal na Identificação Precoce da Doença Falciforme
A mediana da idade no momento do óbito foi de 32 anos para pessoas com a condição, enquanto na população geral a mediana foi de 69 anos. Para o tratamento adequado, o diagnóstico precoce é essencial. A doença pode ser identificada nos primeiros dias de vida através da triagem neonatal – o teste do pezinho -, permitindo a confirmação do quadro e o encaminhamento para centros de referência. Neles, o paciente passa por acompanhamento regular, realiza exames laboratoriais e de imagem de rotina e recebe atenção multidisciplinar.
Tratamentos e Perspectivas na Doença Falciforme
Apesar de não ter cura, o tratamento assertivo pode amenizar os impactos causados pela doença, possibilitando melhora na qualidade de vida e aumentando a sobrevida dos pacientes. Os tratamentos vão desde o uso de antibioticoterapia profilática, vacinas especiais e autocuidado até o uso de medicamentos específicos, terapia transfusional e quelantes de ferro. Em alguns casos, está indicado o transplante de medula óssea. O Dia Mundial de Conscientização da Doença Falciforme é uma oportunidade para sensibilizar a sociedade sobre os desafios enfrentados pelas pessoas e famílias que vivem com a doença e para reforçar a importância da pesquisa científica, da educação e da mobilização social a fim de assistir integralmente pacientes e cuidadores. * Patrícia Moura é hematologista pediátrica e médica do Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro Compartilhe essa matéria via: WhatsAPP Telegram.
Fonte: @ Veja Abril