Estudo recente revela associação entre exposição prolongada à fumaça de incêndios florestais e doenças respiratórias e cardiovasculares no Brasil. Utilizou-se modelo matemático para analisar concentração de PM2.5 proveniente de queimadas.
Uma pesquisa recém-divulgada na revista Science Advances revela um cenário preocupante sobre os impactos de longo prazo da fumaça de incêndios florestais no Brasil. De 2010 a 2020, a poluição gerada por partículas finas, chamadas de PM2.5, acarretou em projeções de 45.000 a 48.000 mortes prematuras no país devido aos efeitos nocivos à saúde causados pelos incêndios.
Além disso, os focos de incêndio nas regiões amazônicas e do Pantanal aumentaram significativamente nos últimos anos, intensificando a preocupação com os impactos ambientais e de saúde pública. A ocorrência frequente de incêndios florestais tem levado a danos irreparáveis à biodiversidade e a uma deterioração da qualidade do ar em diversas áreas do país, exigindo a implementação urgente de medidas eficazes para prevenir futuras tragédias.
Estudo recente publicado sobre os impactos dos incêndios florestais
O valor econômico associado a essas mortes é significativo, variando entre 432 bilhões e 456 bilhões de dólares. Os pesquisadores utilizaram um modelo matemático para calcular os efeitos da exposição a PM2.5 proveniente de incêndios ao longo de um período de 11 anos. A análise combinou dados de mortalidade do Departamento de Saúde Pública da Califórnia com estimativas de concentração de PM2.5 geradas por modelos de qualidade do ar. Essa abordagem permitiu uma avaliação detalhada dos impactos da poluição por incêndios, diferenciando-a de outras fontes de poluentes. Os resultados sublinham a gravidade do problema e a necessidade urgente de estratégias eficazes para combater e gerenciar incêndios, além de medidas para reduzir a exposição à poluição do ar. Com a frequência crescente de incêndios e a previsão de que esses eventos se intensifiquem com as mudanças climáticas, é crucial investir em medidas de prevenção e controle. No Brasil, as queimadas também continuam a se proliferar. De acordo com a WWF-Brasil a Amazônia teve a maior quantidade de queimadas já registrada nesse mês de julho desde 2005. Na comparação com os últimos dez anos, o número dobrou. Esse marco de queimadas se deve principalmente ao agravamento dos incêndios nos últimos oito dias de julho, que concentraram metade dos focos registrados ao longo do mês, totalizando 11 mil. O novo estudo, nesse sentido, reforça a importância de políticas de saúde pública voltadas para a mitigação dos impactos da poluição por incêndios e para a proteção da saúde da população, não só nos Estados Unidos mas em outras regiões problema, como a Amazônia, e o Pantanal. Como a fumaça afeta a saúde? A poluição por PM2.5 é composta por pequenas partículas que podem contaminar profundamente os pulmões e a corrente sanguínea. Essas partículas finas são conhecidas por causar danos respiratórios e cardiovasculares, além de estarem ligadas a uma menor expectativa de vida. A fumaça de incêndios contribui significativamente para os níveis de PM2.5, exacerbando esses problemas de saúde. Estudos anteriores já demonstraram que a exposição a curto prazo a esses poluentes pode aumentar as visitas a hospitais e agravar condições pulmonares crônicas. No entanto, este estudo vai além ao considerar os impactos a longo prazo da exposição prolongada à fumaça.
Fonte: @ Veja Abril