Baixa dosagem não afeta a qualidade dos embriões e taxas de gravidez na fertilização in vitro, evitando que casais percam tempo na corrida contra o tempo pela reprodução e saúde óssea.
A vitamina D é um nutriente essencial para o corpo humano, e sua deficiência pode afetar a saúde de várias maneiras. No entanto, quando se trata de fertilidade, a relação entre a vitamina D e a capacidade reprodutiva ainda é um tema de debate. Muitas pessoas se perguntam se a suplementação com vitamina D pode melhorar as chances de ter filhos, especialmente se apresentam níveis baixos do hormônio.
Um estudo brasileiro recente buscou responder a essa pergunta e avaliou os impactos da vitamina D na fertilidade de casais. Os resultados mostraram que a deficiência de vitamina D pode afetar a capacidade reprodutiva, mas a suplementação pode ser benéfica. Além disso, a vitamina D também pode influenciar a produção de outros hormônios importantes para a fertilidade, como o hormônio que regula o ciclo menstrual. É fundamental consultar um médico antes de iniciar qualquer suplementação para avaliar a necessidade e a dosagem adequada de vitamina D.
Vitamina D e Fertilidade: Um Estudo Revelador
A boa notícia para os casais que estão tentando engravidar é que a vitamina D não é um obstáculo para o sonho de ter um bebê. Um estudo clínico recente buscou entender se a vitamina D desempenha algum papel na resposta reprodutiva de casais que estão fazendo tratamentos para engravidar. A proposta era avaliar os possíveis resultados em três cenários: níveis baixos de vitamina D nos dois parceiros (menor que 30ng/ml), apenas um com dose baixa e os dois com doses normais.
Especialistas em reprodução humana da Fertipraxis Centro de reprodução Humana avaliaram a qualidade embrionária e as taxas de gravidez de 267 casais que passaram por fertilização in vitro (FIV) entre janeiro de 2017 e março de 2019. As mulheres que participaram tinham entre 35 e 36 anos e os homens tinham entre 36 e 39 anos. Todos tinham indicação técnica para realização de fertilização.
O Papel da Vitamina D na Reprodução
Os achados foram publicados na revista científica Fertiliy and Sterility. O diferencial do estudo foi não se concentrar nos impactos para homens e mulheres separadamente. ‘Os valores de referência para vitamina D são baseados em saúde óssea e não reprodutiva’, explica Roberto de Azevedo Antunes, diretor-médico da Fertipraxis e responsável pelo Ambulatório de Infertilidade Conjugal do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF-UFRJ). ‘Sabemos que receptores de vitamina D são encontrados em todos os tecidos reprodutivos, como testículos e ovários, mas nenhum estudo tinha feito a medição no casal’.
A análise mostrou que os níveis de vitamina D não demonstraram importância para a qualidade dos embriões nem para as taxas de gravidez. Isso significa que a vitamina D não é um fator determinante para a fertilidade.
Corrida Contra o Tempo
O desfecho apontando que o hormônio não é relevante para casais que estão tentando ter filhos pode dar a impressão de que o ensaio chegou a um resultado negativo, mas não é bem assim. Apenas quem já passou pela experiência de fazer um tratamento que envolve preparo, investimento financeiro e uma corrida contra o tempo, pode compreender a dimensão de ter uma preocupação a menos. ‘Os casais ficam muito ansiosos e angustiados, porque o tempo é um bem precioso’, diz Antunes. ‘Se o paciente tem de fazer uma reposição para, então, fazer o tratamento, isso significa perder dois, três meses. E meses significam óvulos piores e menos chances de gravidez em mulheres com mais de 40 anos’.
Novas Regras para Vitamina D
Vale lembrar que a vitamina D não deve ser usada por todas as pessoas. A Endocrine Society, entidade que representa a classe da endocrinologia internacionalmente, estabeleceu os grupos que realmente devem fazer a suplementação com o hormônio. São eles: crianças e jovens de 1 a 18 anos, idosos com mais de 75 anos, gestantes e pessoas que vivem com pré-diabetes. A vitamina D é um hormônio importante para a saúde óssea, mas não é essencial para a fertilidade.
Fonte: @ Veja Abril