Mortalidade maternas indígenas duas vezes superior: 528 mortes/100.000 vs 264/100.000, durante gravidez e pós-parto. Cuidado pós-parto e acesso estrutura inadequados, aumentam vulnerabilidade populacional indígena.
O índice de mortalidade maternas durante a gestação e após o parto é mais elevado entre as mulheres indígenas em comparação com as não indígenas. Essa constatação foi feita por meio de uma pesquisa realizada por acadêmicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o estudo, a taxa de mortalidade maternas de mulheres indígenas é de 115 a cada 100 mil casos examinados.
Esses dados alarmantes ressaltam a urgência de medidas eficazes para reduzir as mortes maternais entre as comunidades indígenas. É fundamental que políticas públicas sejam implementadas visando garantir o acesso a cuidados de saúde de qualidade e a assistência adequada durante a gestação e o pós-parto, a fim de diminuir as mortes maternais e promover o bem-estar das mães indígenas e de seus bebês.
Mortalidade Maternas: Análise Comparativa entre Indígenas e Não-Indígenas
Entre as populações não-indígenas, o índice de mortes maternais é de 67 a cada 100 mil, representando quase a metade do número observado no primeiro grupo analisado. Os resultados desse estudo foram divulgados recentemente, na quarta-feira (15), na renomada revista científica International Journal of Gynecology & Obstetrics.
A probabilidade de mortes durante a gravidez e pós-parto é um tema sensível, especialmente ao considerar que as mulheres indígenas enfrentam desafios únicos nesse contexto. A análise revelou que as mortes maternas entre indígenas ocorreram majoritariamente após o parto, levantando questões sobre a qualidade do cuidado oferecido às mulheres indígenas no período pós-parto.
José Paulo Guida, coautor do estudo e pesquisador da Unicamp, destaca que a principal causa de morte entre as mães indígenas foi a hemorragia, enquanto nas demais populações é a hipertensão. Essa disparidade é atribuída à diferença na qualidade da estrutura de assistência disponível para cada grupo, onde a morte por hemorragia é considerada mais evitável devido à sua prevenção exigir recursos de baixa tecnologia, como monitoramento dos sinais vitais e controle de sangramentos.
A mortalidade de mães indígenas em comparação com não-indígenas ressalta a vulnerabilidade enfrentada pela população indígena, evidenciando a necessidade de um cuidado mais atencioso e personalizado. A pesquisa, que analisou os dados de 13.023 casos de morte materna entre 2015 e 2021 registrados no DataSUS, do Ministério da Saúde, revelou que apenas 1,6% dessas mortes eram de indígenas.
A qualidade do cuidado oferecido às mulheres indígenas no pós-parto é crucial para reduzir as taxas de mortalidade maternas nesse grupo específico. A falta de assistência adequada ou a presença de assistência de baixa qualidade são fatores que contribuem para essas mortes evitáveis. É fundamental garantir que as mulheres indígenas recebam o mesmo nível de cuidado e atenção que as demais, a fim de promover uma redução significativa na mortalidade materna entre a população indígena.
Fonte: © CNN Brasil
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