Gestação após os 35 anos pode trazer riscos à saúde; especialistas indicam como prevenir complicações com comportamentos saudáveis e o diagnóstico pré-implantacional.
Segundo dados obtidos pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos (Seade), a maternidade entre as mães paulistas com mais de 40 anos vem ganhando destaque nos últimos anos. O relatório do ‘Perfil da Mulher no Estado de São Paulo’ mostra um aumento expressivo no número de mulheres que decidem ter filhos após atingirem essa faixa etária.
Além disso, a pesquisa aponta que a idade materna avançada tem se tornado uma tendência no estado de São Paulo. Cada vez mais mães mais velhas estão optando por adiar a maternidade para se dedicarem a outros aspectos de suas vidas. Esse novo cenário reflete as mudanças sociais e econômicas que impactam diretamente nas escolhas das mulheres paulistas.
Mães Paulistas com Mais de 40 Anos
Quando o assunto são as mães paulistas com mais de 40 anos, o crescimento foi significativo, com um aumento de 64% no mesmo período. De acordo com Lúcia Mayumi Yazaki, especialista em demografia e pesquisadora da Fundação Seade, os números não refletem apenas o perfil etário da região, mas também uma tendência nacional, conforme apontado por uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada recentemente.
Mães Tardias
O levantamento indicou que o número de brasileiras que se tornaram mães após os 40 anos cresceu 65,7%, passando de 64 mil em 2010 para 106,1 mil em 2022. Já entre as mulheres de 30 a 39 anos, o aumento foi de 19,7%, evidenciando a preferência por uma maternidade mais tardia. Cada vez mais, as mulheres têm optado por adiar a gravidez.
Idade Materna Avançada
Essa mudança de cenário pode ser atribuída à disseminação de informações sobre métodos anticoncepcionais e à busca por estabilidade emocional e financeira antes de se tornar mãe. Independente das motivações, é crucial compreender que uma gestação em idade avançada, especialmente após os 35 anos, demanda cuidados especiais, principalmente se ocorrer após os 40 anos.
Realidade Regional e Tendências Nacionais
Segundo Luciano Pompei, ginecologista e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp), é fundamental reconhecer que uma gravidez considerada tardia envolve certos riscos, como aborto espontâneo e parto prematuro. Além disso, há maior propensão a doenças como diabetes e hipertensão, além do aumento das chances de alterações genéticas no bebê, como a síndrome de Down e de Patau.
Processo de Fertilização In Vitro e Diagnóstico Pré-Implantacional
Apesar dos potenciais riscos associados à gestação em idade mais avançada, Pompei destaca a importância do pré-natal para garantir uma evolução positiva. Iniciar a avaliação médica antes da concepção, incluindo exames para detectar problemas pré-existentes, pode reduzir ainda mais o risco de complicações durante a gestação.
Problemas Pré-Existentes e Comportamentos Saudáveis
A mastologista e ginecologista Rafaela Cecílio Sahium ressalta a relevância de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física, independentemente da idade. Durante o pré-natal, esses comportamentos devem ser ajustados de acordo com as necessidades da paciente, visando uma gestação tranquila e sem intercorrências.
Coleta de Óvulos e Redução de Riscos na Gestação
A paulista Audrey dos Reis, aos 45 anos, representa muitas mulheres que adiaram a maternidade por motivos pessoais e profissionais, recorrendo à coleta e congelamento de óvulos. A fertilização in vitro pode minimizar os riscos de complicações no bebê, especialmente com o diagnóstico pré-implantacional que identifica embriões saudáveis. É fundamental considerar a saúde não apenas da mãe, mas também do pai durante o processo reprodutivo.
Em meio a essas mudanças, é essencial reconhecer a importância do planejamento familiar, dos cuidados pré e pós-gestacionais, bem como do apoio emocional durante essa jornada única e significativa. A maternidade tardia pode trazer desafios, mas também recompensas e aprendizados inestimáveis.
Fonte: @ Estadão