O diretor do Banco Central alerta sobre a ‘política monetária’ do Copom e a pressão inflacionária no mercado de trabalho.
O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, mencionou em um evento com empresários em Belo Horizonte que é importante considerar os juros ao tentar prever as ações futuras do BC. Ele ressaltou que a instituição busca não assumir riscos desnecessários em suas decisões.
Galípolo também destacou a importância de analisar a taxa de juros com cuidado, enfatizando que a atuação do Banco Central é pautada por uma abordagem cautelosa e estratégica. Ele reiterou que a avaliação de múltiplos fatores, incluindo a taxa de juros, é essencial para garantir a estabilidade econômica do país.
Juros e Política Monetária
Do ponto de vista das variáveis, seria um equívoco tentar antecipar a decisão que o BC vai tomar olhando apenas uma variável. Temos uma série de dados que precisam ser analisados’, afirmou o diretor. Galípolo disse que o BC vai aguardar e tentar capturar o máximo de dados e estar aberto para a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom). O diretor do BC disse que a autarquia tem observado o câmbio e uma série de outras variáveis. Segundo ele, entram na conta outras variáveis menos óbvias, um desemprego em níveis bastante baixos, crescimento da renda que vem batendo recorde, mercado de trabalho que vem se mostrando apertado e o PIB sendo revisado sistematicamente para cima. ‘Todos nós entendemos como um êxito a possibilidade que as pessoas possam ganhar mais dinheiro. Ninguém tem sentimento perverso de torcer pelo contrário. Mas a função é tomar cuidado para que esses fatores não provoquem um desarranjo, que cause crescimento da demanda muito acelerado em relação à oferta e isso possa gerar algum tipo de pressão inflacionária, que vai no fim do dia corroer o ganho de poder aquisitivo que a população esteja tendo. A função do BC é ser o chato na festa. Quando a festa está ficando legal, pede para os outros abaixarem o volume’, afirmou Galípolo.
Impacto nos Ativos
Reação nos ativos Diante de um alívio expressivo no mercado de câmbio, em que o dólar testa o nível de R$ 5,40 hoje, os juros futuros têm uma nova rodada de retirada de prêmio de risco, que se espalha por toda a curva a termo. O processo é mais intenso nos vértices intermediários e longos, na medida em que novas declarações hawkish (inclinadas à alívio na política monetária) de Galípolo reforçaram a percepção de uma disposição a elevar a Selic, se necessário, o que ajudou a fortificar a retirada de prêmios da curva, diante de um menor temor de leniência com a inflação à frente. Por volta de 13h25, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caía de 10,84% no ajuste anterior para 10,815%; a do DI para janeiro de 2026 recuava de 11,655% para 11,565%; a do contrato para janeiro de 2027 cedia de 11,565% para 11,425%; e a do DI para janeiro de 2029 passava de 11,51% para 11,395%. O alívio relevante no câmbio doméstico voltou a puxar para baixo as taxas futuras de juros desde o início da sessão e se intensificou. Além disso, o aumento nas apostas em uma retomada do aperto monetário a partir de setembro, com cada vez mais adeptos, tem ajudado a reduzir, ainda que aos poucos, as expectativas de inflação. No Focus, a mediana das projeções para o IPCA de 2025 passou de 3,97% para 3,91%, em um contexto que abarca, ainda, a alta das expectativas para a Selic no fim do próximo ano, de 9,75% para 10%. Assim, a valorização do real e as expectativas de inflação em leve queda ajudam a derrubar as taxas futuras no ‘miolo’ da curva, em um processo que se estende para a ponta longa.
Fonte: @ Valor Invest Globo