Intervenções precoces na infância combatem a obesidade infantil no Brasil, promovendo hábitos saudáveis e resultados positivos.
Uma pesquisa recente divulgada no Journal of the American College of Cardiology (JACC) mostrou que medidas voltadas para incentivar hábitos alimentares saudáveis durante os primeiros anos escolares ou ao longo de toda a educação primária podem ter um impacto positivo na saúde das crianças. O estudo acompanhou mais de 1.700 crianças em aproximadamente 50 escolas públicas de Madrid, Espanha, destacando a importância dos hábitos alimentares desde a infância.
A implementação de programas educacionais que promovam uma alimentação equilibrada e saudável pode contribuir significativamente para a redução da gordura abdominal e para o bem-estar geral das crianças. Os resultados apontam que a atenção focada nos hábitos alimentares desde cedo pode ser fundamental para prevenir problemas de saúde no futuro. Investir na educação e conscientização sobre a importância de uma alimentação saudável é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças.
Hábitos Alimentares na Promoção da Saúde: Resultados e Intervenção
Os resultados indicam que a implementação precoce de hábitos alimentares saudáveis pode ser mais eficaz do que intervenções em estágios posteriores. Metodologia do estudo: As escolas participantes foram distribuídas em quatro grupos distintos. Um conjunto de 12 escolas realizou uma intervenção de promoção da saúde ao longo dos seis anos do ensino fundamental, com foco na gestão das emoções, aquisição de hábitos alimentares saudáveis, vida ativa e conhecimento do corpo e do coração. Os outros dois grupos aplicaram a mesma intervenção, mas apenas por três anos: um durante os primeiros três anos e o outro nos últimos três anos do ensino fundamental. O quarto grupo não teve intervenção específica relacionada à saúde.
No decorrer do estudo, várias medições detalhadas da saúde cardiovascular foram obtidas dos participantes, com idades entre 6 e 12 anos. Essas medições incluíram marcadores de obesidade e acúmulo de obesidade corporal, coletados no início do estudo, ao final do terceiro ano e no término do sexto ano escolar. Os resultados exibem que os participantes expostos à intervenção nos primeiros três anos do ensino fundamental manifestaram menor ganho de peso, menores aumentos no índice de massa corporal (IMC) e acúmulo de gordura abdominal significativamente inferior em comparação com os outros grupos.
É provável que, nos primeiros anos escolares, as crianças estejam moldando suas rotinas e comportamentos, tornando este período ideal para a introdução de hábitos alimentares saudáveis. Crianças mais jovens tendem a ser receptivas a mudanças e novas práticas, facilitando a adoção de comportamentos saudáveis. Além disso, a escola é apontada como um ambiente propício para a implementação de programas de promoção da saúde. No entanto, muitos programas anteriores careceram de rigor científico e seus resultados foram frequentemente inconclusivos ou desanimadores.
De acordo com Rodrigo Fernández-Jiménez, líder do laboratório de Saúde Cardiovascular e Imagem do Centro Nacional de Investigaciones Cardiovasculares (CNIC) e autor do estudo, qualquer intervenção que contribua para a melhoria da saúde das crianças será benéfica se adotada em larga escala, especialmente por não apresentar efeitos secundários ou adversos.
Alimentação Saudável e Obesidade Infantil no Brasil
No Brasil, a obesidade infantil é um problema considerável e multifatorial, influenciado por diversos fatores genéticos, individuais, comportamentais e ambientais. Conforme o relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, até setembro de 2022, mais de 340 mil crianças entre 5 e 10 anos foram diagnosticadas com obesidade. Em 2021, a Atenção Primária à Saúde (APS) identificou obesidade em 356 mil crianças dessa mesma faixa etária. Atualmente, a região Sul do Brasil apresenta o maior índice de crianças com obesidade nessa faixa etária, alcançando 11,52%, seguida pelas regiões Sudeste.
Fonte: @ Veja Abril