Investidores exigem mais que discursos e precisam entender a matemática do déficit zero. O governo chinês detalhou o pacote de estímulos, mas decepcionou, derrubando mineradoras como a Vale, em um ambiente com menos endividamento e taxas mais baixas para impulsionar o consumo.
No mercado, a confiança é um bem precioso e, por dois dias, os discursos de ministros pareciam ter conseguido elevá-la, sugerindo que o arcabouço fiscal poderia ser cumprido. No entanto, só promessa não é o suficiente para o mercado, que exige saber como a redução de despesas do orçamento será implementada na prática.
A forte sensibilidade a questões fiscais voltou a elevar os juros, prejudicando ações de empresas que atuam no setor doméstico. Isso afeta diretamente a economia, pois os investimentos são reduzidos e a bolsa de valores sofre com a incerteza. A estabilidade fiscal é fundamental para o crescimento econômico sustentável e o mercado está ansioso para ver ações concretas em relação ao orçamento. A redução de despesas é um passo importante, mas é necessário que seja implementada de forma eficaz para que o mercado possa confiar novamente.
O Mercado e a Economia Global
O mercado depende de um ambiente com menos endividamento, taxas mais baixas e mais consumo para se tornar mais atrativo. No entanto, a decepção com os rumos da economia da China pressionou o preço de commodities como minério de ferro e, em parte, petróleo. O Ibovespa cedeu 0,73%, aos 130.793 pontos, e na semana ainda acumula alta de 0,62%. O volume de negociações foi de R$ 12,7 bilhões, bem abaixo da média diária de R$ 16,6 bilhões.
A queda no acumulado do ano cresceu para 2,53%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não deu muitos detalhes sobre as propostas que garantiriam o cumprimento do arcabouço fiscal, o que deixou os investidores ansiosos para entender a matemática exata que vai transformar promessas em realidade. Se esses pontos não agradarem, o caminho de aversão ao risco é o mais certo.
A Influência da Economia Chinesa no Mercado
A retração do mercado brasileiro foi fortemente influenciada pela queda nas ações de mineradoras e petroleiras, como Vale e Petrobras, que recuaram devido à ausência de sinais consistentes de recuperação da economia chinesa, impactando diretamente a demanda global por commodities. Ativos considerados mais seguros como dólar e o ouro ganharam terreno nas carteiras.
A moeda se manteve estável, com uma variação de 0,08% para baixo, apesar de ter passado a maior parte da sessão com viés de alta. O dólar comercial terminou o dia a R$ 5,66. No ano, a valorização da moeda americana chega a 16,6%. A incerteza sobre as contas públicas e a falta de clareza no cumprimento das metas fiscais para 2024 aumentam a pressão sobre o dólar.
A Bolsa e os Investimentos
A percepção de um risco fiscal elevado no Brasil eleva as taxas de juros futuros, já que o mercado prevê a necessidade de um custo de capital mais elevado para mitigar esses riscos. Há algumas semanas, a curva de juros adotou um movimento invertido, que ocorre quando as taxas de longo prazo ficam menores que as de curto prazo. Isso ocorreu por dois motivos: a redução de despesas e a necessidade de um ambiente mais favorável para os investimentos.
O mercado está ansioso para entender como o governo planeja cumprir as metas fiscais e reduzir o endividamento. A falta de clareza sobre esses pontos pode levar a uma maior aversão ao risco e uma maior valorização do dólar. No entanto, se o governo conseguir apresentar um plano claro e convincente, o mercado pode reagir positivamente e os investimentos podem aumentar.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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