Presidente do BC, Roberto Campos Neto fala em evento da FGV Ibre; após discurso, índice de mercado cai 0,3%; possibilidade de aceleração da inflação dos alimentos preocupa.
O chefe do Banco Central (BC), João Silva, declarou hoje que aparentemente não há mais elementos para afirmar que a inflação dos alimentos vai diminuir globalmente, conforme as previsões.
No entanto, o presidente do BC ressaltou a importância de manter a estabilidade econômica e financeira do país, destacando a necessidade de medidas preventivas para lidar com possíveis impactos futuros. O Banco Central continuará monitorando de perto a situação e tomando as decisões necessárias para garantir a solidez do mercado financeiro.
BC.: Desafios e Perspectivas para a Política Monetária
Em recente participação no X Seminário Anual de Política Monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) no Rio de Janeiro, o presidente do Banco Central reiterou a preocupação com a deterioração do cenário econômico, destacando a possibilidade de uma aceleração da inflação no Brasil e indicadores sólidos no cenário internacional. A fala de Campos Neto trouxe à tona a discussão sobre elementos cruciais para a condução da política monetária, em meio a uma possível alta dos preços e a resistência observada em outros mercados.
Após as declarações do chefe da autoridade monetária, o índice Ibovespa, que estava indeciso, passou a registrar uma queda consistente, recuando 0,3% por volta das 15h40, atingindo os 124.334 pontos. Nesse contexto, o dólar e os juros futuros ganharam força, antecipando a divulgação do relatório Focus na próxima semana, que poderá apontar uma desancoragem nas expectativas de inflação, com projeções mais elevadas.
Por volta das 16h, o dólar comercial era negociado em alta de 0,33%, cotado a R$ 5,1704, após alcançar o pico de R$ 5,1764. Enquanto isso, a moeda brasileira apresentava o desempenho mais fraco entre as 33 principais moedas do mundo. No mesmo horário, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para diversos vencimentos também registraram movimentos de alta, refletindo a cautela dos investidores diante do cenário econômico atual.
A discussão sobre a desancoragem nas expectativas de inflação ganha relevância, com o presidente do BC destacando a importância de se considerar a possível aceleração da alta dos preços, especialmente no contexto das recentes adversidades climáticas. Campos Neto ressaltou a necessidade de avaliar os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul nas variáveis econômicas e no resultado fiscal do país, incluindo possíveis reflexos no índice de preços ao consumidor (IPCA) e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021.
Diante das incertezas geradas pelo desastre climático, o presidente do Banco Central enfatizou a importância de monitorar de perto a evolução da situação, especialmente no que diz respeito à inflação dos alimentos. Ele alertou para a possibilidade de um aumento mais significativo nos preços dos alimentos, sobretudo nas safras de arroz e trigo, que foram severamente impactadas pelas enchentes no Sul do país. Além disso, Campos Neto ressaltou a necessidade de avaliar os custos de reconstrução do Estado e seu potencial impacto nas variáveis econômicas e fiscais.
Em meio a essas considerações, o presidente do BC reiterou a importância de se manter atento aos desdobramentos econômicos e climáticos, destacando a necessidade de uma análise cuidadosa dos elementos que podem influenciar a condução da política monetária no Brasil e no cenário internacional. A busca por um equilíbrio entre os diferentes fatores em jogo se mostra fundamental para garantir a estabilidade econômica e o controle da inflação, em um contexto de desafios e incertezas crescentes.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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