Multimercados sofrem com sangria, enquanto fundos de renda fixa não se destacam em setembro nos mercados financeiros, afetando investimentos em renda e investidores pessoa física.
Os investimentos em fundos de investimentos registraram um movimento inédito em setembro, com os cotistas resgatando R$ 53,8 bilhões, considerando apenas as retiradas e não as aplicações. Esse foi o primeiro mês do ano em que os resgates superaram os aportes, de acordo com os dados disponíveis no site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Essa mudança no comportamento dos investidores pode ser um sinal de que os investimentos em fundos de investimentos estão passando por uma fase de ajuste. Os investidores estão reavaliando suas estratégias de investimentos e optando por resgates em vez de novas aplicações. Além disso, a volatilidade dos mercados financeiros pode ter contribuído para essa mudança, levando os investidores a buscar opções mais seguras para seus investimentos. É importante notar que os investimentos em fundos de investimentos ainda são uma opção popular entre os investidores, mas é fundamental estar atento às mudanças no mercado e ajustar as estratégias de investimentos de acordo.
Investimentos em Crise: Multimercados Perdem R$ 53,9 Bilhões
Os investimentos em multimercados estão passando por uma crise sem precedentes. No mês passado, os investidores resgataram R$ 53,9 bilhões desses fundos, que combinam estratégias de renda fixa com investimentos em renda variável. Essa foi a maior debandada da classe em todo o ano. Os multimercados são investimentos de maior risco, recomendados para prazos mais longos, de pelo menos três anos. No entanto, os profissionais que gerem esses fundos têm errado as expectativas para os juros no exterior e no Brasil desde a pandemia, o que resultou em uma rentabilidade ruim em comparação ao CDI (que costuma ser o indicador de referência e é parecido com a Selic, atualmente em 10,75% ao ano).
Investidores Buscam Alternativas de Renda Fixa
Com a rentabilidade ruim nos últimos anos, os cotistas estão deixando os fundos multimercados rumo à renda fixa, que está dando acesso a elevados juros, com menos risco. Além disso, os investidores resgataram em setembro também R$ 2,8 bilhões dos fundos de ações, R$ 1,8 bilhão dos Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e R$ 159,2 milhões dos fundos cambiais. Em contrapartida, a captação dos fundos de investimentos foi puxada em setembro pelos Fundos de Investimento em Participações (FIPs), onde os cotistas aplicaram R$ 2,3 bilhões. Na sequência, entraram R$ 895,9 milhões nos fundos de previdência.
Recuperação dos Fundos de Investimentos
No acumulado deste ano, os fundos de investimentos estão mostrando uma recuperação, depois da indústria passar pelos dois piores anos da história. As aplicações atingiram R$ 253,6 bilhões no mercado como um todo. Os maiores aportes foram nos fundos de renda fixa, de R$ 309,4 bilhões. Ainda, entraram R$ 92,1 bilhões nos FIDCs, R$ 30,4 bilhões nos fundos de previdência, R$ 22,3 bilhões nos FIPs e R$ 781,4 milhões nos fundos de ações. No entanto, houve resgates de R$ 198,2 bilhões dos fundos multimercados, R$ 2,5 bilhões dos ETFs (fundos comprados em bolsa que acompanham um indicador de mercado) e R$ 795,2 milhões dos fundos cambiais.
Investimentos em Renda Fixa: Uma Alternativa Segura
Os fundos de renda fixa, que capitanearam as aplicações nos meses passados, somaram aplicações de apenas R$ 839,5 milhões no mês. Aconteceu o contrário do que se esperava, que a subida da Selic ajudasse a atrair os cotistas para esses fundos e que as mudanças na regulação de títulos isentos de Imposto de Renda, como Letras de Crédito Agrícola e Imobiliário (LCAs e LCIs), seguisse elevando a demanda pelos fundos de renda fixa, especialmente pelos de crédito privado e infraestrutura. No entanto, os investidores pessoa física ainda buscam opções seguras e rentáveis para seus investimentos, e os fundos de renda fixa podem ser uma boa alternativa.
Fonte: @ Valor Invest Globo