O PCC expulsou operários da obra de canalização no corrego Antonico, mas os moradores e lideranças continuam a necessidade básica de saúde.
A obra teve início em 2020, com a expectativa de ser finalizada em 30 meses. O córrego Antonico é o mais importante de Paraisópolis e costuma alagar durante as chuvas. Os moradores estão revoltados com a notícia de que o PCC teria afastado os trabalhadores da região e trazido indivíduos de outras áreas para erguer barracos e residir no local. Equipamento na construção da canalização do córrego Antonico, em Paraisópolis.
Além disso, a situação se agrava com a presença do PCC, que é uma facção criminosa conhecida. O Primeiro Comando da Capital tem exercido influência na área, o que gera ainda mais preocupação entre os residentes. A segurança da comunidade está em jogo.
Demolição de Casas em Paraisópolis
A demolição de casas em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, foi realizada com autorização judicial. Foto: Marcos Zibordi. Moradores e lideranças comunitárias da região contestam a alegação de que o PCC, ou Primeiro Comando da Capital, teria expulsado trabalhadores da obra de canalização do córrego Antonico, que atravessa a comunidade. De acordo com a versão apresentada pelos residentes, o Visão do Corre verificou, em 04 de setembro, que a obra de canalização realmente está em andamento. Durante o dia, vinte homens trabalharam na remoção de entulhos, e 12 caminhões foram utilizados para retirar madeira de barracos que foram demolidos.
Tensão em Paraisópolis
A situação em Paraisópolis se assemelha à tensão vivida durante o massacre de 2019. Além disso, a Ouvidoria e ativistas locais lançaram um comitê de crise focado na comunidade. Um estudo revelou que os policiais militares de Paraisópolis são os que mais cometem homicídios em São Paulo. O entulho resultante da demolição, que ocorreu nas margens do córrego, autorizado judicialmente, deverá começar a ser removido em 05 de setembro, quinta-feira. A reportagem da Folha de S.Paulo, publicada em 03 de setembro, afirmou que o PCC havia expulsado os trabalhadores de uma obra orçada em R$ 100 milhões. Um operário da Transvias, que realiza a obra e reside em Paraisópolis, afirmou: ‘Isso é mentira, falcatrua’.
Canalização como Necessidade Básica
A reportagem da Folha de S.Paulo mencionou ‘moradores ouvidos pela reportagem’ e afirmou ter tentado contato com ‘lideranças de Paraisópolis’, mas sem sucesso. No entanto, os líderes comunitários com quem o Visão do Corre conversou afirmaram não ter recebido qualquer ligação do jornal. Janilton Oliveira, um conhecido representante da comunidade, declarou: ‘Precisamos rebater essa safadeza’. Os moradores entrevistados enfatizam a importância da canalização do córrego Antonico. Cláudio Fernandes, professor de Educação Física e residente em Paraisópolis há 51 anos, destacou que ‘desde moleque, essa obra é uma necessidade básica’.
Resistência dos Moradores
Janilton Oliveira explicou que o atraso nas obras se deve à resistência de alguns moradores que teriam suas casas demolidas. Foto: Marcos Zibordi. Ele ressaltou que muitas pessoas frequentam os postos de saúde da região com doenças relacionadas ao esgoto que passa pelo córrego Antonico. ‘Ali é onde mais inunda, é importantíssimo fazer a obra, todo mundo da comunidade quer’, afirmou. A mãe de Jhonne Silva, que morava nas proximidades do córrego Antonico, viu sua casa desabar em 2022. ‘Quando chovia, a água chegava na altura da cama’, relatou.
Diálogo com a Comunidade
Marcos Antônio Melo dos Santos, morador de Paraisópolis há 44 anos e membro do Conselho Gestor da comunidade, participou das conversas com moradores cujas casas seriam removidas das margens do córrego Antonico. Ele questionou a origem das informações veiculadas pela Folha de S.Paulo. ‘Não tem nada a ver com crime organizado, o problema foram os moradores que tinham casas e estavam brigando para ficar. A obra parou uns dias, mas retomou, foi só isso’, afirmou Santos. Marcos Melo dos Santos, membro do Conselho Gestor de Paraisópolis, esteve diretamente envolvido nas negociações com os moradores das margens do córrego Antonico.
Fonte: @ Terra