Pequenos diálogos para explorar grandes obras & ideias − e cuidar de si e do mundo. Autobiografia de superação:
Em cada instante nascemos e morremos bilhões de vezes
Em cada instante nascemos e morremos bilhões de vezes
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No reflexo do espelho observo as marcas do tempo, os cabelos embranquecendo, a visão enfraquecendo, os músculos perdendo firmeza. Mesmo que me esforce para praticar atividades físicas, seguir dietas, depilar os cabelos e os pelos teimosos que insistem em aparecer no rosto, a realidade é outra hoje em dia. Na minha juventude, as coisas eram bem diferentes. O envelhecimento não dá trégua: ele se manifesta no corpo, na mente, no espírito. O nariz parece mais proeminente. As orelhas e os pés também.
Com o passar do tempo, a velhice se aproxima e a idade avançada se faz presente. O processo natural da senescência não espera por ninguém, e cada ruga conta uma história, cada fio de cabelo branco carrega uma memória. Mesmo diante dessas transformações, é preciso aceitar e abraçar o ciclo da vida, onde o envelhecimento é parte intrínseca da jornada rumo à sabedoria e à plenitude. Afinal, a beleza está na evolução constante do ser.
Reflexões sobre o envelhecimento e a passagem do tempo
Nas mãos, os dedos que insistem em clarear, tornando-se grossos e tortos com o avançar da idade, são testemunhas silenciosas do processo natural de envelhecimento. A velhice chega sem pedir licença, trazendo consigo reflexões sobre a vida e a passagem do tempo. A vontade de manter a juventude eterna se dissipa, dando lugar a uma aceitação serena da idade avançada.
Em cada momento, somos confrontados com a dualidade da existência: nascemos e morremos inúmeras vezes, em um ciclo contínuo de renovação e transformação. O cabelo que um dia foi escuro e farto agora clareia e rareia, os músculos que antes eram firmes e tonificados agora afrouxam com o peso dos anos.
É possível envelhecer com dignidade, sem a necessidade de provar nada a ninguém. Rir e chorar, esquecer e lembrar, viver cada instante como se fosse o último. Os regimes e cuidados com a pele podem ajudar a manter uma aparência jovem, mas a verdadeira beleza está na aceitação de cada ruga e cada fio de cabelo branco.
A memória, nossa fiel companheira ao longo da vida, às vezes nos prega peças, confundindo o passado com o presente. Recordamos trechos de poemas e canções, misturando lembranças antigas com novas experiências. A idade nos traz a sabedoria de aceitar o fluxo da vida, sem resistir às mudanças que o tempo traz consigo.
Cada dia que passa é um lembrete de que o tempo é implacável, mas também precioso. As dores nas articulações, o sono irregular, a insônia que nos visita nas noites sem lua, tudo isso faz parte do pacote do envelhecimento. E ainda assim, há beleza na imperfeição, na fragilidade que nos torna humanos.
A lua, com sua luz mágica, continua a nos encantar, mesmo sabendo que não passa de um pedaço de rocha no espaço. O sol, por sua vez, nutre nosso corpo e nossa alma, alimentando-nos com sua energia vital. Envelhecer é um processo natural, uma jornada que devemos percorrer com gratidão e aceitação.
Monja Coen, em seu livro ‘Em cada instante nascemos e morremos bilhões de vezes’, nos convida a refletir sobre a efemeridade da vida e a beleza do envelhecimento. Cada ruga, cada cabelo branco, são marcas de uma vida vivida com intensidade e sabedoria. Que possamos seguir adiante nessa jornada, abraçando cada momento com gratidão e serenidade.
Fonte: @ Veja Abril