Ministro da Fazenda cancelou viagem à Europa para trabalhar no câmbio, que está em seu maior nível em quase quatro anos e meio, cotada a R$ 5,783.
O dólar brasileiro enfrentou uma queda notável esta segunda-feira (4), sob os efeitos da crescente especulação em torno do anúncio de cortes de gastos governamentais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou a decisão de cancelar a viagem do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa, para se concentrar em questões internas. A este movimento, o mercado de câmbio também reagiu, com o dólar sofrendo uma queda acentuada.
A expectativa de cortes de gastos do governo brasileiro, após a decisão do presidente Lula de manter o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em território nacional, aumentou. O movimento foi percebido como uma estratégia para estabilizar a economia e coibir os preços. O dólar, que havia sido uma moeda internacional de forte aceitação, como o dólar americana, agora enfrenta uma concorrência cada vez maior da moeda brasileira, o real, que ganha força no mercado.
Valorização do real em meio ao avanço de Kamala Harris nas pesquisas eleitorais
O relançamento da candidata democrata Kamala Harris nas pesquisas eleitorais e a alta expressiva dos preços do petróleo contribuíram para o alívio da força do dólar americano no exterior, o que, por sua vez, valorizou o real. O câmbio foi influenciado pelo cancelamento da viagem do ministro da Fazenda para a Europa e pelo movimento do petróleo, que beneficia a economia brasileira. Com o aumento do preço do petróleo, há mais entrada de dólares no país, o que valoriza a moeda brasileira ante o dólar.
Ao final dos negócios, a moeda americana caía 1,48%, cotada a R$ 5,783, enquanto o real se manteve em seu maior nível desde o dia 9 de março de 2021, quando encerrou cotada a R$ 5,791. O dólar ainda está em seu nível mais alto desde março de 2021. Lá fora, o dólar caía 0,40% contra moedas pares, enquanto diminuía 0,55% contra o peso mexicano, recuava 0,65% contra o rand sul-africano e subia 0,14% contra a lira turca, três moedas consideradas semelhantes ao real.
O cancelamento da viagem do ministro da Fazenda para a Europa influenciou o recuo do câmbio, aponta Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos. ‘Na sexta-feira, quando se soube que o ministro ficaria fora alguns dias, o mercado entendeu que não haveria nenhum anúncio de corte de gasto e que talvez ele não estivesse tão preocupado assim. Então, o cancelamento dessa viagem, em pleno domingo, diminuiu a pressão sobre o câmbio’, afirma Viotto.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, havia planejado uma viagem para a Europa, mas acabou cancelando devido a razões de saúde. O cancelamento da viagem influenciou o recuo do câmbio, o que pode ser uma boa notícia para os brasileiros que dependem do dólar em suas contas bancárias ou em suas viagens ao exterior.
A recuperação do petróleo beneficia o real, já que a exportação de óleo é relevante na economia brasileira. Com o aumento do preço, há mais entrada de dólares no país, o que valoriza a moeda brasileira ante o dólar. Os contratos futuros de petróleo encerraram em forte alta depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidir, no fim de semana, adiar o aumento na produção de óleo.
A Opep+ sinalizou cautela em meio a preocupações crescentes sobre a demanda global mais fraca e preços mais baixos. O dólar perdeu força no exterior por conta do arrefecimento da aposta em uma vitória do candidato republicano Donald Trump, que é esperado que o dólar se fortaleça sob um governo Trump por conta de sinalizações de um protecionismo mais agressivo do que o da candidata democrata.
Pesquisas de intenções de voto do final de semana mostraram um avanço de Kamala Harris em locais onde a maioria dos levantamentos até agora indicavam Donald Trump na liderança na eleição presidencial americana, como Iowa, apontam analistas do banco ING. ‘Os mercados ainda estão digerindo os números muito fracos de empregos na sexta-feira, bastante afetados por eventos climáticos extremos. Enquanto isso, as últimas pesquisas indicam que os democratas recuperaram algum impulso em alguns estados decisivos, o que pode ter levado ao desmonte de algumas operações favorecidas por Trump’, afirma o relatório do banco ING.
Contudo, as médias das pesquisas coletadas pelo ‘fivethirtyeight’ da ABC indicam que Trump ainda está à frente em todos os estados decisivos, exceto em Michigan e Wisconsin, mas com menos de 0,5% de vantagem em Nevada e na Pensilvânia. Supondo que Harris conquiste todos os estados considerados seguros ou inclinados para os democratas (226 votos no colégio eleitoral), o resultado final ainda é incerto.
Fonte: @ Valor Invest Globo