Dólar é impulsionado pela ameaça de tarifas de Trump, enquanto no Brasil, investidores monitoram pacote de medidas para controlar gastos governamentais e impacto na economia.
O Brasil enfrenta a ameaça de uma inflação crescente em decorrência do dólar altista, que pode afetar o poder de compra dos consumidores e os preços das mercadorias.
Com o dólar em alta, as importações se tornam mais caras e, consequentemente, os preços dos produtos que dependem dessas importações também aumentam, exacerbando a inflação. Além disso, a valorização do dólar pode influenciar a taxa de câmbio, tornando mais caro importar produtos e serviços do exterior, o que pode afetar negativamente a economia do país e a inflação.
Câmbio flutuante, sem intervenção do BC
Gabinete do governo federal continua a monitorar medidas do pacote de contenção de gastos, enquanto investidores têm o olho nos impactos da política fiscal nas expectativas de inflação e taxa de juros. Na última sexta-feira, a moeda alcançou uma nova máxima histórica nominal, fechando a R$ 6,068. O dólar americano subia 0,66% contra moedas pares e avançava 0,12% contra o peso mexicano, valorizando 0,59% contra o rand sul-africano. A Rússia e o Brasil têm discutido a criação de uma moeda dos Brics para reduzir o domínio do dólar no comércio global. No entanto, Trump recentemente anunciou que puniria os países que criassem uma nova moeda.
Analistas do banco suíço UBS preveem que o dólar americano permanecerá bem sustentado no curto prazo, com muitas das primeiras políticas de Trump provavelmente sendo positivas para o dólar. No entanto, eles alertam que a valorização do dólar parece excessivamente esticada nos níveis atuais, recomendando que os investidores aproveitem períodos de força do dólar para reduzir sua exposição à moeda americana. O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o câmbio é flutuante e o BC não vai segurar o dólar ‘no peito.’ Em outras palavras, ele apontou que reservas internacionais e leilões são ferramentas que serão utilizadas apenas em momento de disfuncionalidade do mercado. Com isso, as esperanças do BC vir a intervir no câmbio diminuem bastante, levando o mercado a crer que o BC vai aguardar o câmbio se estabilizar ‘naturalmente.’ Analistas do banco Inter afirmam que o anúncio de cortes de gastos totalizando R$ 71 bilhões nos próximos dois anos foi ofuscado pela promessa simultânea de expandir a isenção de IR para R$5 mil. O argumento do governo é que a isenção não terá impacto sobre a dívida pública, já que será compensada pelo aumento de impostos para quem ganha acima de R$ 50 mil. Contudo, deverá gerar impulso fiscal via aumento do consumo, situação que não é bem-vinda em meio a uma economia cujo desemprego já se situa em mínimas históricas e uma inflação que não dá sinais claros de convergência para o centro da meta, mesmo com juros altos.
Fonte: @ Valor Invest Globo