Elogiado por Machado de Assis, publicou 14 obras sobre romance brasileiro, colônia de pescadores, arquitetura colonial latino-americana e doenças infectocontagiosas, apesar de criar seis filhos e trabalhar cedo.
O relançamento de “O Filho do Pescador”, de Teixeira e Souza, é uma oportunidade única para mergulhar no primeiro romance brasileiro e conhecer melhor o seu autor, um mestiço talentoso que nasceu em Cabo Frio (RJ). Embora tenha enfrentado dificuldades financeiras, Teixeira e Souza deixou um legado literário que continua a inspirar gerações de leitores.
Como um escritor autodidata, Teixeira e Souza superou obstáculos para criar uma obra-prima que reflete a realidade brasileira do século XIX. O Filho do Pescador é um testemunho da sua habilidade em capturar a essência da vida cotidiana e da luta do pobre em busca de um futuro melhor. Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, reconheceu o talento de Teixeira e Souza, chamando-o de “gênio adormecido“. A sua obra é um tesouro escondido que agora pode ser descoberto por novos leitores.
Teixeira e Souza: O Autor do Primeiro Romance Brasileiro
Admiradores homenageiam o busto de Teixeira e Souza em Cabo Frio (RJ), cidade natal do escritor brasileiro que marcou a literatura nacional com o primeiro romance brasileiro, ‘O Filho do Pescador’. Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, um autor mestiço e pobre, enfrentou inúmeras dificuldades ao longo de sua vida, mas não deixou de produzir obras literárias importantes.
Teixeira e Souza nasceu em 1812, em uma cidade pobre e pequena, com apenas algumas casas e uma colônia de pescadores. A cidade de Cabo Frio, fundada em 1615, demorou oitenta anos para ter um sino na igreja, como descreve o escritor e pesquisador José Correia Baptista. O Forte São Mateus, construído entre 1616 e 1620, é uma das mais antigas obras da arquitetura colonial latino-americana.
A Vida Difícil de Teixeira e Souza
Filho mais velho de um português e uma brasileira preta, Teixeira e Souza teve que abandonar as aulas de latim aos dez anos para aprender carpintaria, pois seu pai, um comerciante, estava quebrado. Apesar disso, o gosto pela literatura estava incorporado. Os anos seguintes foram difíceis, com a morte da mãe e a mudança para o Rio de Janeiro aos treze anos. Voltou à terra natal cinco anos depois, tuberculoso, e viu o pai e as irmãs morrerem de doenças infectocontagiosas.
Aos 22 anos, Teixeira e Souza estava sozinho no mundo. Um amigo cedeu uma pequena casa em Capivari para que ele se recuperasse da tragédia. Foi nesse período que ele começou a arquitetar o primeiro romance brasileiro, ‘O Filho do Pescador’. O escritor José Correia Baptista, que pesquisa e escreve sobre Teixeira e Souza, destaca a importância desse período na trajetória do autor.
O Sucesso e a Pobreza
Teixeira e Souza retornou ao Rio de Janeiro em 1840 e arrumou emprego como tipógrafo na gráfica e editora de Paula Brito, um ‘mecenas dos pobres’ que deu emprego a Teixeira e Souza e, posteriormente, a Machado de Assis. Trabalhando como tipógrafo, imprimiu e publicou ‘O Filho do Pescador’ em 1843. O livro foi um sucesso, mas Teixeira e Souza continuou a viver na pobreza. Ele casou-se três anos depois da publicação do livro e teve seis filhos, renunciando à carreira literária para criar a família. Mesmo assim, publicou 11 obras ao longo de sua vida. Como resume o escritor José Correia Baptista, ‘Nasceu pobre e morreu pobre’.
Fonte: @ Terra
Comentários sobre este artigo