Seis pacientes foram infectados por HIV após receberem órgãos de doadores com o vírus, apesar de laudo negativo da Patologia Clínica. A Polícia Federal e a Polícia Civil investigam, em parceria com a Secretaria Estadual, na Operação Verum.
Uma investigação está em andamento no Rio de Janeiro após seis pessoas terem sido infectadas com o vírus HIV após receberem transplantes de órgãos. A situação é considerada grave e preocupante. Os casos foram revelados na sexta-feira (11) e estão sendo investigados pela Polícia Federal. A prioridade é garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.
Um dos pacientes infectados falou pessoalmente com o ‘Fantástico’ neste domingo (13) e pediu por justiça. Ele se sente traído e abandonado pelo sistema de saúde. Documentos que apontaram as irregularidades do laboratório em questão também foram divulgados, revelando uma série de falhas que podem ter contribuído para a infecção dos pacientes. O doente, que agora se vê acometido por uma doença grave, busca respostas e responsabilização. A busca por justiça é um direito fundamental.
Erro em Laboratório de Patologia Clínica
Na manhã desta segunda-feira (14), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início à Operação Verum, com o objetivo de prender quatro pessoas envolvidas no caso de infecções por HIV em pacientes que receberam órgãos transplantados. O erro ocorreu dentro de uma das unidades do laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), contratado pela Secretaria Estadual de Saúde. A clínica emitiu laudos negativos para HIV de dois doadores – um homem e uma mulher – que, na verdade, estavam infectados com o vírus.
Ao todo, nove órgãos foram transplantados em pacientes que agora correm o risco de terem contraído o HIV. Uma das pacientes infectadas, que preferiu não se identificar, compartilhou sua experiência e desabafou sobre a situação. ‘É como se o chão se abrisse e você… Sabe? Porque é a minha vida e daqui pra frente, a minha vida mudou. A minha família tá revoltada, porque a gente entra lá com a maior confiança de que vai dar tudo certo’, afirmou.
A paciente, que recebeu um rim, expressou sua revolta e frustração com a situação. ‘Vai mudar a minha vida completamente, porque antes era só os meus remédios pra não ter rejeição dos meus rins. Eu não fiz nada pra adquirir isso. O erro foi de pessoas irresponsáveis. Porque eu acho que quem lida com a vida de uma outra tem que ter responsabilidade e muita’, observou. Ela também criticou o PCS-Saleme, afirmando que ‘eles não estão lidando com a nossa vida. Foi só dinheiro que eles viram, né? E foi muito, não foi pouco. Foi muito dinheiro. Não tem nenhuma justificativa. Eu quero punição’.
Repercussão e Consequências
A paciente relatou que só recebeu a notícia da infecção no último dia 3 de outubro e foi encaminhada a um posto de saúde, onde a infecção foi confirmada. No entanto, ela não recebeu orientações sobre tratamento ou medicamentos e sua próxima consulta estava marcada apenas para o dia 29 deste mês. A situação mudou após a Band News FM expor o caso, na quinta-feira (10), e um novo atendimento foi agendado para esta terça-feira (15).
O Governo do estado informou que os pacientes infectados estariam recebendo atendimento clínico e psicológico, mas a paciente desmentiu essa informação. ‘É essa a minha revolta. Porque eu ia ficar até dia 29 sem medicação nenhuma’, explicou. Por fim, a paciente garantiu que vai lutar para que os responsáveis pelo erro sejam punidos e para que outras pessoas possam realizar transplantes com segurança.
A paciente, que se refere a si mesma como uma ‘paciente, doente, enferma e acometida’, enfatizou a importância de responsabilidade e segurança nos transplantes. ‘Que felicidade que eu fiquei, meu Deus, quando eu recebi meu rim. Quando o médico disse pra mim: ‘Você jamais vai fazer hemodiálise’. Meu Deus do céu, fui no céu. Eu quero isso para os outros, sabe? A gente tem que ter essa confiança. Essa história não pode continuar, tem que acabar aqui. Então, tem que haver muita responsabilidade no que está sendo feito, para que outras pessoas possam fazer seus transplantes com segurança’.
Fonte: @ Hugo Gloss