Itaú BBA e Goldman Sachs destacam sinergias e portfólios complementares, mas fazem ressalvas sobre remédios do Cade e valorização da Hypera, considerando processo de otimização e patamar da oferta.
A indústria farmacêutica brasileira está prestes a viver um momento de grande transformação com a proposta de acordo entre a EMS e a Hypera. A oferta de aquisição, que pode chegar a R$ 3,8 bilhões, tem o potencial de criar uma gigante do setor, com um market share de cerca de 20% e um faturamento combinado de R$ 16 bilhões.
Essa acordo pode ser considerada uma das maiores operações de fusão do setor farmacêutico brasileiro nos últimos anos. A união das duas empresas pode trazer benefícios significativos, como a redução de custos e a ampliação da oferta de produtos. Além disso, a negociação pode ser vista como uma estratégia para aumentar a competitividade no mercado e melhorar a posição das empresas no ranking nacional. A criação de uma gigante do setor pode ser um passo importante para o crescimento e desenvolvimento da indústria farmacêutica brasileira.
Acordo entre EMS e Hypera: Análise e Projeções
A proposta de M&A (fusão e aquisição) entre a EMS e a Hypera, anunciada na sexta-feira, 18 de outubro, gerou grande interesse no mercado. Antes disso, a Hypera havia divulgado um ‘processo de otimização‘ do seu capital de giro, reduzindo prazos de pagamento concedidos aos clientes, o que não foi bem recebido pelo mercado. Além disso, a empresa descontinuou seu guidance para 2024.
Com esses dados em mente, a oferta da EMS trouxe como efeito colateral as projeções de analistas sobre os possíveis reflexos da união dos dois grupos. O Itaú BBA, por exemplo, ressaltou a complementaridade e as ‘sinergias muito prováveis’ entre a dupla. ‘O acordo faz sentido de uma perspectiva operacional, pois pode criar um player líder no segmento com oportunidades de sinergia que podem melhorar a lucratividade da empresa combinada, o poder de barganha com fornecedores e clientes e o posicionamento estratégico’, destacou o banco.
Análise da Oferta e Projeções
Os analistas do Itaú BBA também lembraram que já houve discussões sobre uma fusão entre as duas empresas no passado, quando a Hypera estava muito mais valorizada. Eles pontuaram que a aprovação de um acordo nos termos atuais propostos pela EMS, com a ação da empresa precificada a R$ 30, não é ‘tão óbvio’. No entanto, o relatório do Itaú BBA traz outros cálculos para esse balcão.
O banco observa que o patamar da oferta sugere um valor de R$ 30,3 bilhões para a EMS e uma avaliação de R$ 27,3 bilhões da Hypera. ‘Esse cálculo traz um equity value da empresa combinada de R$ 47,5 bilhões, com a Hypera detendo uma participação de 40% e a EMS uma fatia de 60% antes da potencial oferta pública’, escrevem os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Generali Marquezini e Felipe Amancio.
Com base nos dados divulgados na oferta, o trio também tenta estimar o P&L da EMS. E, a partir da receita líquida de R$ 7,9 bilhões da empresa em 2023 e da projeção de um crescimento anual de 15% nessa linha até 2026, eles preveem um lucro líquido de cerca de R$ 2,9 bilhões ao fim desse período.
Projeções e Sinergias
‘Para a Hypera, se desconsideramos o escudo fiscal dos incentivos do ICMS e levarmos em conta os investimentos em P&D no P&L, chegamos a um lucro de R$ 1,59 bilhão em 2026. Isso resultaria em um múltiplo P/L de 10,5 vezes em 2026 para a NewCo, antes das sinergias’, afirmam os analistas. O Itaú BBA projeta ainda que boa parte das sinergias deve vir da otimização de matéria-prima, de despesas gerais e administrativas e das visitas das equipes comerciais a médicos, com um potencial de captura de R$ 351 milhões.
‘Quando adicionado aos nossos cálculos, isso resultaria em um lucro líquido combinado pós-sinergias de R$ 4,7 bilhões em 2026 e num múltiplo P/L de 10 vezes’, acrescentam os analistas, que têm recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29 para o papel da Hypera. Com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 31,50 para a ação da Hypera, o Goldman Sachs também reservou espaço para um eventual acordo.
Fonte: @ NEO FEED