A empresa alertou que alterações na distribuição de dividendos podem resultar em menos ou nenhum pagamento no futuro, afetando investidores internacionais.
A estratégia de remuneração aos acionistas da empresa Petrobras inclui a divisão de lucros e pagamentos de juros sobre capital próprio. A companhia destacou que a remuneração aos investidores, que ocorre por meio de dividendos, pode ser ajustada conforme decisões do conselho administrativo, conforme informação divulgada pela companhia em material oficial.
As mudanças na remuneração dos acionistas, seja por meio de compensação em dividendos ou juros sobre capital próprio, serão comunicadas previamente aos investidores interessados. A empresa reforçou sua postura transparente em relação à retribuição aos acionistas, ressaltando o compromisso com a valorização dos investidores e a busca por uma remuneração justa e alinhada com os resultados financeiros da empresa.
Impacto nas mudanças na remuneração da Petrobras
Segundo comunicado da empresa, quaisquer ajustes podem influenciar aspectos como a frequência de pagamentos, cálculos utilizados, indicadores econômicos e valores mínimos, além de outros elementos. A distribuição de dividendos da Petrobras foi discutida e documentada no formulário 20-F, protocolado na SEC, entidade reguladora dos mercados de ações nos EUA, equivalente à CVM no Brasil. A companhia ressaltou que a política de dividendos está sujeita a variáveis como os investimentos realizados e o fluxo de caixa operacional.
A Petrobras destacou que o pagamento de dividendos acima dos limites obrigatórios não garante distribuições futuras nem estabelece um padrão. Em caso de mudanças estratégicas que demandem investimentos significativos, a parcela destinada aos dividendos pode ser reduzida. Ademais, fatores como o preço e a produção de petróleo têm impacto direto no fluxo de caixa e, consequentemente, na distribuição de dividendos aos acionistas.
A empresa também mencionou que eventuais modificações na composição do conselho de administração e da diretoria podem acarretar alterações na política de remuneração aos investidores. Tais ajustes podem resultar em redução ou até na suspensão da distribuição de dividendos no futuro, conforme a Petrobras ressaltou.
Discussão sobre dividendos e investimentos
A discussão acerca dos dividendos da Petrobras teve início no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que defendia a redução da remuneração aos acionistas em prol do aumento dos investimentos na empresa. Em uma decisão do conselho realizada no ano passado, a fórmula de cálculo dos dividendos foi alterada, diminuindo a porcentagem do fluxo de caixa livre destinada a esse fim.
Outra medida aprovada foi a criação de uma reserva de remuneração de capital, para receber dividendos e juros sobre o capital próprio. Em um período mais recente, a Petrobras propôs a distribuição somente dos dividendos estatutários, após um lucro de R$ 124,6 bilhões. Foram distribuídos dividendos ordinários de R$ 14,2 bilhões referentes ao quarto trimestre, com uma parcela considerável destinada à reserva de capital.
Posteriormente, a companhia optou por direcionar uma quantia significativa, R$ 43,9 bilhões, para a reserva de capital, em vez de efetuar uma remuneração extraordinária aos investidores. A administração da Petrobras sugeriu ao conselho o pagamento de dividendos extraordinários, com metade do valor direcionada à reserva de capital e a outra metade aos acionistas.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, discordou da proposta no conselho e acabou sendo vencido, gerando descontentamento. Sua abstenção na votação dos R$ 14,2 bilhões foi interpretada como um conflito de interesses, desencadeando um período de turbulência que se estendeu por mais de um mês.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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