Ex-ministro teria dado ordens ilegais para dificultar deslocamento de eleitores no Nordeste em operações visando investigações de indiciados.
A Polícia Federal (PF) anunciou nesta quinta-feira (15) o indiciamento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, e outros quatro policiais por suposta tentativa de obstrução do processo eleitoral no Nordeste, durante as eleições de 2022.
O pleito foi marcado por diversas polêmicas e denúncias de irregularidades. A investigação revelou que o grupo teria agido para dificultar a votação dos cidadãos, violando o direito fundamental ao sufrágio. Essas ações representam uma grave ameaça à democracia e ao processo eleitoral no país.
Desdobramentos das investigações sobre as eleições
De acordo com as apurações em curso, os envolvidos teriam dado ordens ilegais e agido para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizasse operações com o intuito de dificultar o deslocamento dos eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no dia 30 de outubro de 2022, data do segundo turno das eleições. Este pleito foi vencido pelo petista, em uma disputa acirrada contra o então presidente Jair Bolsonaro, que buscava a reeleição.
O pedido de indiciamento foi confirmado pela Agência Brasil e consta em um relatório parcial encaminhado pela Polícia Federal à Procuradoria Geral da República (PGR). Agora, cabe à PGR analisar se os indícios de crime são robustos o suficiente para denunciar os envolvidos à Justiça, solicitar mais investigações ou requerer o arquivamento do caso.
A Polícia Federal segue conduzindo as investigações e solicitou prazo adicional para a conclusão das apurações. Além dos nomes já mencionados, outros quatro policiais federais que atuaram no Ministério da Justiça foram indiciados: Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, Fernando de Sousa Oliveira, Leo Garrido de Salles Meira e Marília Ferreira de Alencar.
Todos estão sob investigação por violência política, conforme o artigo 359-P do Código Penal, que trata de tentativas de restringir, impedir ou dificultar o exercício dos direitos políticos de terceiros.
Desdobramentos das operações policiais
As operações em questão foram realizadas por meio de blitz policiais em estradas e rodovias, com foco na Região Nordeste, onde Lula liderava as pesquisas de intenção de voto. O objetivo aparente era favorecer o então presidente Jair Bolsonaro, dificultando o acesso dos potenciais eleitores de Lula aos locais de votação.
Segundo informações da investigação, o contingente da PRF no segundo turno das eleições foi maior no Nordeste do que em outras regiões do país. No dia 30 de outubro, 795 policiais foram mobilizados na região, em comparação com 230 no Norte, 381 no Centro-Oeste, 418 no Sul e 528 no Sudeste. O número de ônibus parados para fiscalização também foi significativamente maior no Nordeste, totalizando 2.185 veículos, em comparação com 310 no Norte, 571 no Sudeste, 632 no Sul e 893 no Centro-Oeste.
A Polícia Federal descobriu no celular de Marília Alencar, ex-assessora do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e uma das indiciadas, fotos com o mapeamento dos municípios onde o presidente Lula obteve expressiva votação. As imagens mostram um painel intitulado ‘Concentração Maior ou igual a 75% – Lula’.
Desdobramentos judiciais
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a libertação de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que havia sido preso por cerca de um ano sob suspeita de utilizar a corporação para dificultar o deslocamento dos eleitores.
Ao justificar a soltura de Vasques, Moraes afirmou que não havia mais motivos para a prisão preventiva, dada a fase avançada das investigações. Ele ordenou a adoção de medidas alternativas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se ausentar de determinados locais.
Fonte: @ Agencia Brasil