Em crescimento, eles rejeitam diétas exclusivas, desdenhando “redes sociais” que condenam terrorismo alimentar. Refutam seleção, restrição e equilíbrio forçado, além de vilões da indústria: conselhos, alimentares, suplementos e shakes. (148 caracteres)
É só dar uma olhadinha nas redes sociais para ver uma chuva de dicas de dietas ‘milagrosas’ surgindo no feed. São receitas para perder peso, ganhar músculos e moldar o corpo que, de maneira geral, defendem a eliminação de determinados nutrientes apontados como vilões. Não é algo novo, mas que se tornou mais comum com o uso do marketing digital e conselhos de influenciadores.
Em meio a tantas opções de dietas, é importante lembrar que a alimentação equilibrada e variada é essencial para a saúde. Não se deixe levar por regimes restritivos que prometem resultados rápidos, mas que podem trazer prejuízos a longo prazo. O segredo está em encontrar um estilo de vida saudável e sustentável, sem radicalismos.
Dietas: Desconstruindo Mitos e Promovendo a Saúde
É contra essa onda que se mobiliza uma cruzada de profissionais de saúde. Eles buscam desmistificar, em publicações, estudos científicos e obras para o público em geral, as ideias nutricionais equivocadas propagadas por aí. Um excelente exemplo desse movimento é o recém-lançado Pare de Engolir Mitos (Editora Sextante), da nutricionista francesa radicada no Brasil Sophie Deram.
Munida de pesquisas, a autora propõe desbancar um tipo de narrativa fantasiosa e alarmista que se disseminou sobre as refeições ao redor do mundo. Não há tanto segredo sobre o que constitui uma alimentação equilibrada. A proposta é priorizar alimentos frescos e o mais naturais possível e reduzir os excessos, especialmente de produtos ultraprocessados.
Não é uma mudança simples de incorporar à rotina, vale ressaltar, mas é uma escolha que vale a pena adotar: estudos relacionam os maus hábitos à mesa com um maior risco de obesidade e uma série de doenças crônicas.
O argumento destacado por especialistas como Sophie é que o ato de nutrir o corpo passou a ser guiado pela seleção e pela restrição, ignorando a complexidade da alimentação e as particularidades individuais. ‘A definição de saúde envolve um bem-estar físico, mental e social. A alimentação está intrinsecamente ligada a isso’, afirma Sophie, pesquisadora da USP.
‘Devemos ouvir nosso corpo, em vez de ficar contando calorias, o que aumenta inclusive o risco de transtornos alimentares.’ Apontar um vilão nas dietas é uma tendência antiga. Nas décadas de 1960 e 1970, a gordura emergiu como a vilã do coração e de outros órgãos, e ainda hoje carrega uma reputação duvidosa.
Essa visão limitada ignora o fato de que, embora alguns ácidos graxos possam ser prejudiciais em excesso, outros são benéficos quando consumidos com moderação – como o azeite de oliva e os peixes. O mesmo princípio se aplica aos carboidratos, comprovadamente fontes de energia essenciais para o organismo humano. Esses nutrientes são os principais alvos do corte radical proposto pelo extremismo propagado no universo fitness.
No entanto, essas escolhas podem resultar em um desequilíbrio que, a longo prazo, abre caminho para aquela vontade irresistível de atacar a geladeira quando surgem desafios emocionais. Ou seja, o plano não se sustenta. Existem os protagonistas dessa história, é claro. A nova queridinha é a proteína.
Não se trata apenas de carne, frango ou peixe, mas de porções balanceadas com o auxílio da balança e cálculos de ingestão diária que incluem a suplementação com whey protein e barras proteicas para os lanches. ‘A indústria das dietas, dos suplementos e dos shakes promove a ideia de aprimorar o corpo, como se ele precisasse de aprimoramento e como se isso fosse mais saudável do que consumir alimentos tradicionais’, critica Sophie.
Daí a iniciativa da nutricionista e de outros especialistas em desviar o foco absoluto dos nutrientes e resgatar o que eles chamam de comida real. Isso envolve combater os mitos alimentares. Nesse sentido, um grupo de pesquisadores americanos se uniu para desmascarar dez conceitos falsos disseminados na esfera virtual, tais…
Fonte: @ Veja Abril
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