Profissionais da indústria competem em processo de seleção para abolir práticas desatualizadas na criação de ideias.
É bastante recorrente no universo das marcas a estratégia da concorrência não paga, onde companhias buscam propostas sem oferecer compensação financeira às agências envolvidas. Nessa dinâmica, os escritórios de design e agências de publicidade são desafiados a apresentar seus melhores trabalhos sem garantia de pagamento, em um jogo que leva em consideração apenas a qualidade das propostas.
Essa prática, conhecida como pitching sem pagamento, levanta debates sobre a valorização do trabalho criativo e os limites da competição não remunerada. Muitos profissionais questionam a ética por trás desse modelo, destacando a importância de estabelecer relações mais justas e transparentes no mercado. Valorizar o talento e o esforço dos criativos é essencial para garantir uma indústria mais equilibrada e sustentável.
Novo Movimento Contra Concorrência Não Paga Ganha Força
Enquanto muitos profissionais enfrentam o desafio de competir em concorrências não remuneradas, o processo de seleção que exige pitching gratuito tem sido fonte de frustração e descontentamento. No entanto, um movimento para combater essa prática está ganhando destaque.
No decorrer do último ano, os sócios do renomado escritório de design Porto Rocha, Leo Porto e Felipe Rocha, se depararam com a dura realidade da competição não paga, onde profissionais trabalham arduamente sob prazos apertados sem garantias financeiras, e frequentemente sem serem escolhidos. Essa experiência os levou a compartilhar suas frustrações com outros profissionais da indústria.
O resultado desse descontentamento foi a criação do manifesto revolucionário ‘No Free Pitches’, que busca abolir as práticas desatualizadas de pitching sem pagamento. Com mais de 5 mil assinaturas de profissionais de empresas de renome como Google e Spotify, o manifesto destaca os impactos negativos da competição não remunerada no processo criativo das ideias.
O movimento liderado por Leo e Felipe ressalta que a concorrência gratuita não apenas desvaloriza o trabalho dos profissionais, mas também dificulta a inovação, podendo resultar na não seleção das ideias ou até mesmo em sua apropriação sem consentimento pelas empresas.
Ao abordar as questões relacionadas ao pitching gratuito, o manifesto destaca que essa prática é reflexo de um sistema quebrado, que impõe prazos irrealistas e sobrecarrega as equipes, afetando sua saúde mental e motivação. Além disso, o pitching coloca em risco a originalidade das ideias e cria disparidades entre grandes e pequenos estúdios.
No entanto, os idealizadores do manifesto reconhecem a importância do pitch no processo de seleção de parceiros criativos, mas defendem que os profissionais devem ser adequadamente remunerados por seu trabalho e criatividade. Para eles, o pitching sem pagamento está fora de sintonia com as práticas atuais da indústria.
Durante a jornada de coleta de assinaturas para o ‘No Free Pitches’, os sócios Leo e Felipe se uniram à designer Vanessa Queiroz, do estúdio Colletivo, que há 12 anos decidiu não mais participar de concorrências não remuneradas. Vanessa, ao expressar seu apoio ao movimento, fortaleceu ainda mais a causa ao envolver a Associação Brasileira de Empresas de Design (ABEDesign) em prol da proibição de pitching sem pagamento.
O relato de Vanessa sobre as práticas abusivas nas concorrências ressoou com muitos profissionais, evidenciando a necessidade de um movimento como o ‘No Free Pitches’ para desafiar o status quo e promover práticas mais justas e éticas na indústria criativa.
Fonte: @ Ad News
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