43% dos pais de crianças de até 12 anos afirmam que elas têm smartphones próprios. Ministério da Educação propõe políticas de restrição para evitar crises de abstinência e impacto no desenvolvimento cognitivo.
No Brasil, a discussão sobre a proibição de celulares nas escolas ganha força, com uma parcela significativa da população defendendo a medida. De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, 62% dos brasileiros com 16 anos ou mais apoiam a proibição dos celulares nas escolas, tanto nas salas de aula quanto no recreio. Essa tendência é ainda mais acentuada entre os pais de crianças de até 12 anos, que alcançam um índice de 65% de apoio à proibição.
A proibição de celulares nas escolas é vista como uma medida necessária para garantir a concentração e o foco dos alunos durante as aulas. Além disso, a medida também pode ajudar a reduzir a distração e a promoção de comportamentos inadequados. No entanto, é importante considerar as restrições e os impactos que essa proibição pode ter nos estudantes, especialmente aqueles que dependem dos celulares para realizar tarefas escolares ou se comunicar com os pais. Banir completamente os celulares pode não ser a solução mais eficaz, mas estabelecer regras claras e limites pode ser uma abordagem mais eficaz para proibir o uso indevido de celulares nas escolas.
A Proibição dos Celulares nas Escolas: Uma Discussão em Andamento
A opinião da maioria está alinhada à postura do Ministério da Educação (MEC), que anunciou que lançará um projeto de lei para proibir o uso de celulares nos colégios do país ainda em outubro. Para entender como será o dia a dia dos estudantes caso o PL seja aprovado, o g1 visitou três escolas em que os estudantes não têm autorização de mexer no celular. Eles relataram ‘crises de abstinência‘, melhora nas notas e mais socialização.
Apesar desse apoio à proibição, 43% dos pais de crianças de até 12 anos afirmam que elas já possuem um celular próprio mesmo na infância, informa o Datafolha. Contando também quem já têm filhos adolescentes, o índice sobe para 50%. A coleta de dados aconteceu nos dias 7 e 8 de outubro. Segundo o instituto, a margem de erro geral é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%. Quanto aos dados relativos apenas aos adultos que já são pais, a margem de erro é maior: de quatro pontos.
Restrições e Políticas de Restrição
Embora, por enquanto, não haja uma determinação nacional, 28% das instituições de ensino urbanas e rurais já implementaram restrições rígidas em relação aos smartphones, segundo a pesquisa TIC Educação 2023, divulgada em agosto deste ano pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. O debate sobre a proibição dos celulares nas escolas é um tema que tem gerado muita discussão. O relatório mais recente da Unesco sobre o tema, divulgado neste ano, faz uma leitura crítica da tecnologia nas salas de aula e afirma que seu uso não pode ser ‘soberano’. A entidade chama a atenção para os possíveis prejuízos na concentração dos estudantes e chega a sugerir que os celulares sejam banidos das escolas.
De acordo com a agência da ONU, menos de um em cada quatro países do mundo adotou políticas de restrição para os smartphones nas escolas. Outro estudo, feito pela Universidade de Stavanger, na Noruega, em 2012, diz que apenas ‘scrollar’ um site, em vez de virar a página de um livro físico, atrapalha a memória e prejudica a habilidade de interpretação. E a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que esse excesso de tecnologia leva a prejuízos na comunicação, problemas no sono e atrasos no desenvolvimento cognitivo.
A Necessidade de um Limite Firme
Para Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, o celular tem estado presente e intermediado as relações e vivências de crianças e adolescentes, e isso não pode continuar acontecendo, especialmente no ambiente escolar. ‘É preciso colocar um limite firme e rigoroso, para que o aluno possa ter seu desenvolvimento cognitivo e seu aprendizado garantidos, além de preservar a convivência social e desenvolvimento emocional’, diz. ‘E é importante que esses protocolos sejam determinados pelos estados e municípios, inclusive, para dar suporte aos gestores escolares.’
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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