Estádio Centenário de União Barbarense: Cheio de dívidas, vendido por 30% do avaliado. Fans temem demolição e buscam tombamento. Jurisdição autorizou venda, Trabalho e Justiça negociam. Estádio, jogo amistoso, concessão, antiga área, novos recursos. Promessas políticas em campanha, edital, leilão pendente.
O União Barbarense era um time amador, de pouco menos de sete anos, quando jogou pela primeira vez em seu próprio estádio. No local construído na avenida Brasil, em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, venceu um amistoso contra o Concórdia, de Campinas, por 3 a 1. Naquele dia, só quem estava ao redor do gramado sabia o que acontecia no jogo.
Com o passar dos anos, o União Barbarense se tornou uma referência no cenário esportivo local, levando a emoção do futebol para diversos locais da região. Os torcedores sempre vibravam com as partidas disputadas no campo de jogo, onde a paixão pelo esporte era evidente em cada lance. O estádio se tornou um verdadeiro templo para os amantes de esportes, presenciando momentos inesquecíveis ao longo das temporadas.
Desafios e Negociações em Torno do Estádio Centenário
Não havia uma única emissora transmitindo o jogo. Afinal, não existiam emissoras – a primeira transmissão de rádio no país só seria feita um ano depois, em 1922, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. Inaugurado em 22 de maio de 1921, o estádio que mais tarde seria chamado de Antônio Lins Ribeiro Guimarães, em homenagem ao presidente do clube na época, está se aproximando dos 103 anos sob ameaça de demolição. Foi lá que a equipe formada no início do século passado levantou a taça da Série C de 2004, seu maior título.
Asfixiado por dívidas, no entanto, o União Barbarense teve seu maior patrimônio vendido por ordem da Justiça do Trabalho por R$ 11 milhões, menos de um terço do valor pelo qual foi avaliado. Esse valor é insuficiente para quitar os credores que moveram a ação contra o clube que resultou no leilão. Em abril, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) rejeitou mais um recurso que buscava anular a concessão da área do estádio.
Sem sucesso nos tribunais, o clube agora vê na Justiça uma possibilidade estreita de salvar o estádio. Em meio às eleições municipais, a política marginalmente influencia a busca por votos na cidade de 183 mil habitantes, a 148 quilômetros de São Paulo. Políticos locais se envolveram e fazem promessas em uma campanha liderada por torcedores pela preservação do imóvel – algo que já foi recusado pelo órgão responsável pelo patrimônio histórico da cidade duas vezes.
Na última semana de abril, a oitava turma do TST rejeitou por unanimidade um recurso do clube que tentava anular o edital que levou o estádio a leilão. A possibilidade de novos recursos permanece, podendo levar a discussão ao STF (Supremo Tribunal Federal). Essa batalha judicial se arrasta há anos, mas agora há pouca esperança de uma resolução legal.
É uma realidade difícil de encarar. É aguardar a Justiça rejeitar nosso recurso, o oficial de Justiça chegar à nossa secretaria e notificar a desocupação de todas as dependências do União Barbarense. Vamos embalar nossos troféus em caixas, encontrar um local na cidade para armazená-los e entregar as chaves, pois nem mesmo as chaves serão nossas – emocionou-se Carlos Dalberto, o ‘Festa’, 60 anos, quase 40 deles como membro-fundador da TUSB (Torcida Uniformizada Sangue Barbarense).
O União Barbarense foi fundado em 1914 e, seis anos depois, fundiu-se com o 7 de Setembro, equipe ligada à Companhia de Estrada de Ferro e Agrícola de Santa Bárbara. Foi a empresa, um marco no desenvolvimento da cidade, que cedeu à agremiação uma área de cerca de 60 mil metros quadrados para a construção de um estádio em 1920 – como gesto de gratidão, o clube acrescentou o termo ‘agrícola’ ao seu nome, o União Agrícola.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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