Investimentos prudentes em renda fixa trazem estabilidade, mas limitam a eficácia da política monetária em cenários de instabilidade econômica.
Os brasileiros, em sua maioria, possuem uma postura conservadora em relação aos investimentos. Essa abordagem cautelosa leva muitos a escolherem investimentos tidos como mais seguros e palpáveis, como imóveis, ao invés de se aventurarem em alternativas mais instáveis, como ações ou criptomoedas.
Quando se trata da diversificação da carteira de investimentos, é importante considerar diferentes tipos de aplicações. Ter uma variedade de ativos financeiros pode ajudar a reduzir os riscos e maximizar os retornos ao longo do tempo.
Investimentos em Imóveis e Depósitos Interfinanceiros: Atitude Prudente
A preferência por investimentos em imóveis é comum entre as gerações mais velhas, que enfrentaram períodos de instabilidade econômica e desvalorização monetária. Essa escolha é baseada na crença de que imóveis são uma opção confiável e resiliente em tempos de incerteza financeira. Os hábitos de investimento em imóveis entre os mais velhos no Brasil têm raízes profundas, sendo considerados uma forma segura de preservar e aumentar o patrimônio ao longo do tempo.
Para muitos, os imóveis representam uma proteção contra a inflação, geram renda passiva por meio de aluguéis e são vistos como um legado para as próximas gerações. Esse comportamento foi reforçado por eventos econômicos passados, nos quais a volatilidade financeira e a falta de confiança em outras opções de investimento levaram muitos a buscar a estabilidade tangível que os imóveis oferecem.
O impacto do Plano Collor, implementado em 1990, teve um efeito significativo no comportamento financeiro dessa geração mais velha. O congelamento de ativos bancários e a hiperinflação que antecederam o plano geraram desconfiança nas instituições financeiras, levando muitos a investir em propriedades imobiliárias como forma de proteger seu capital.
Apesar do cenário econômico atual oferecer maior estabilidade e uma variedade de opções de investimento, a desconfiança histórica no sistema financeiro ainda influencia a preferência dos mais velhos por imóveis. No entanto, as novas gerações estão gradualmente diversificando seus portfólios, considerando opções mais voláteis e investimentos financeiros mais diversos.
Entre os jovens, os investimentos em Depósitos Interfinanceiros (DI) são uma alternativa conservadora popular no Brasil, especialmente para aqueles que buscam segurança e previsibilidade em suas aplicações. Os DI acompanham de perto a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, tornando-os atrativos para quem prioriza a preservação do capital e a minimização de riscos.
No entanto, a concentração de investimentos em ativos de renda fixa, como os DI, pode limitar a eficácia da política monetária ao restringir o efeito riqueza. Quando a maioria dos investimentos está protegida das flutuações do mercado, as mudanças na taxa de juros podem ter um impacto limitado no consumo e no investimento, dificultando o alcance dos objetivos de controle da inflação e estímulo ao crescimento econômico.
Uma possível solução para aumentar a eficácia da política monetária seria a redução da oferta de títulos públicos atrelados à taxa DI pelo tesouro nacional. Isso incentivaria os investidores a buscar alternativas de investimento mais sensíveis às variações na taxa de juros, contribuindo para uma maior eficácia das medidas de estímulo econômico.
Fonte: @ Valor Invest Globo