Representantes de órgãos reguladores e bancos destacam que a tokenização, baseada em tecnologia blockchain e smart contracts, pode melhorar a eficiência do mercado financeiro e de capitais, mas precisa de regras claras para valores imobiliários em um mercado regulado.
No cenário atual, a tokenização se destaca como uma tendência irreversível, tanto no mercado financeiro e de capitais quanto no mundo real, onde a digitalização de bens e direitos está em constante evolução. Nesse contexto, a tokenização assume um papel fundamental na transformação dos mercados regulados.
Representantes de reguladores e participantes do mercado se reuniram no evento Tokenize 2024 para discutir os desafios e oportunidades da tecnologia blockchain nos mercados regulados. A digitalização de ativos e a criação de representações digitais estão revolucionando a forma como os negócios são realizados, e a tokenização é um dos principais motores dessa mudança. A tecnologia blockchain é a chave para uma economia mais segura e transparente.
Tokenização: A Nova Realidade do Mercado Financeiro
Antônio Berwanger, representante da Superintendência de Desenvolvimento de Mercado (SDM) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), enfatizou que a tecnologia de tokenização está se consolidando e se aproximando de uma adoção em larga escala. ‘A tokenização veio para ficar e estamos cada vez mais próximos de uma adoção em larga escala’, declarou Berwanger. Essa afirmação destaca a importância da tokenização no mercado financeiro e sua tendência de se tornar uma ferramenta essencial para a digitalização de valores mobiliários.
João Pedro Nascimento, presidente da CVM, também comentou sobre a relevância da tokenização. ‘Os tokens são representações digitais de algo que existe no mercado regulado tradicional. Já há exemplos importantes no Brasil, e estamos sendo levados a formular escolhas em relação à tokenização de valores imobiliários tradicionais’, observou. Isso mostra que a tokenização está se tornando uma opção viável para a digitalização de ativos imobiliários e outros valores mobiliários.
Tokenização: Uma Ferramenta para Melhorar a Eficiência do Mercado Financeiro
Carlos Ratto, superintendente executivo do Banco Safra, destacou que a tokenização deve ser vista como uma ferramenta para melhorar a eficiência do mercado financeiro, reduzindo custos, proporcionando maior transparência e auditabilidade, e não como uma forma de criar novos ativos ou mercados. ‘A tokenização é uma forma mais eficiente, que gera menos custos, melhor execução das operações, mais transparência e mais auditabilidade’, afirmou Ratto. Ele enfatizou as vantagens da utilização de smart contracts (contratos inteligentes) para aprimorar o acesso a ativos já existentes.
Ratto ressaltou que a tokenização não tem como objetivo criar novos ativos, mas sim facilitar o acesso do investidor a produtos que, até então, não eram amplamente acessíveis devido à falta de eficiência. Ele defendeu que os princípios de ‘mesmo risco, mesma regulação’ devem continuar a guiar o processo de tokenização, sem tratar os tokens como ativos completamente novos, mas sim como uma nova forma de realizar atividades que já existem, com mais eficiência e maior democratização do acesso a esses ativos.
Padronização e Governança para Garantir a Segurança dos Ativos Digitais
Joaquim Kavakama, representante da Núclea, destacou a importância da padronização e da governança para garantir a segurança dos ativos digitais, citando um estudo internacional que apontou os riscos associados à digitalização de valores mobiliários e estabeleceu princípios fundamentais, como a proteção dos ativos dos investidores, regras de interoperabilidade e a criação de um ambiente regulatório seguro. Segundo Kavakama, o estudo mapeou seis grandes áreas de risco que envolvem todo o ciclo de vida de um ativo financeiro, desde a sua emissão até o resgate. ‘A partir disso, ele também desenvolve quais seriam os controles que deveriam ser adotados para que esses riscos sejam mitigados’, explicou.
Fonte: @ Valor Invest Globo