Ex-presidente molda legenda à sua imagem, desdenha dos descontentes, prepara-se para superterça republicana com apoio da ala MAGA e manobra dos delegados.
A Superterça republicana reforçou o domínio de Trump, mais uma vez, como o candidato oficial do Partido Republicano para as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Apesar das críticas e controvérsias, o ex-presidente continua a exercer uma influência poderosa sobre a legenda.
Donald Trump continua a polarizar a opinião pública e a dividir o país com suas políticas e declarações polêmicas. Sua liderança férrea e estilo combativo conquistaram uma base de apoio sólida, que parece fiel mesmo diante das críticas e escândalos. O futuro político de Trump ainda é incerto, mas uma coisa é certa: ele não pretende sair de cena tão cedo.
Trump assegura vitória na superterça republicana
Com o triunfo em 14 dos 15 estados, Donald Trump conquistou pelo menos 910 delegados e está perto de alcançar, ainda em março, o número mágico de 1.215 que o tornará oficialmente candidato republicano. A mensagem essencial desta Superterça é a de que Trump controla o Partido Republicano e não apenas a sua base de partidários.
Pode-se dizer que a legenda aderiu à ala MAGA (a sigla em inglês do movimento ‘Torne a América Grande Novamente’), populista, mais à extrema direita e leal ao ex-presidente. O voto anti-Trump, representado por Nikki Haley, que soma 89 delegados, ainda resiste, mas hoje é descrito como uma facção.
A resistência da ala moderada diante do domínio de Trump
Em seu discurso, antes que a apuração da Superterça mais morna da História terminasse, o ex-presidente Donald Trump focou em atacar Biden e sequer citou sua ex-embaixadora na ONU, Nikki Haley.
Trump demonstrou, inclusive, desinteresse em atrair esta parcela de descontentes, formada essencialmente por eleitores da ala moderada do partido, de formação universitária, que praticamente foi engolida pelos republicanos da ala MAGA. Como explicou a jornalista Heather Digby Parton, colunista do site de notícias Salon, o ex-presidente despreza o eleitor que diz que jamais votaria nele.
Domínio de Trump sobre o Partido Republicano
‘Ele deixou isso claro quando afirmou que o MAGA agora representa 96% do partido, que está se livrando dos ‘Romneys”, numa alusão ao senador Mitt Romney, um de seus críticos. O ex-presidente está mais forte do que em 2016, embora enfrente quatro processos, que somam 91 acusações criminais.
A retórica perigosa, baseada em ódio, preconceito e mentiras, funciona como um ímã e atrai mais e mais seguidores. Trump conseguiu derrubar, um a um, os republicanos resistentes. Impôs sua agenda ao partido. Afastou críticos e rivais, como a deputada Liz Cheney e o governador Ron DeSantis. Endossou rapidamente o presidente da Câmara, Mike Johnson, após uma tumultuada eleição.
O triunfo de Trump e a submissão do Comitê Nacional Republicano
O Comitê Nacional Republicano agora é controlado por ele e tem entre seus integrantes a nora Lara Trump e o seu coordenador de campanha, Chris LaCivita. O último bastião da resistência, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, revelou semana passada que não concorrerá ao cargo. Seu sucessor, com certeza, só emplacará com o aval de Trump.
Dentro do partido não se questiona se o ex-presidente repete as mentiras sobre fraudes nas eleições de 2020, se promete realizar a maior operação de deportação da História dos EUA, se elogia Putin, se ameaça os aliados da Otan, ou se refere-se aos imigrantes como vermes, usando os mesmos termos de Hitler. A desculpa entre seus partidários é que Trump está sendo Trump.
Não é mais preciso adequá-lo ao partido; o partido se adequou a ele. Os republicanos finalmente se renderam ao trumpismo.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo