Retorno de Nelson Kaufman como CEO da Vivara levanta dúvidas sobre governança e estratégia da empresa, impactando desempenho das ações e causando temores de mudanças.
Por que alterar uma fórmula que já está dando certo? Essa é a pergunta que paira sobre os investidores da Vivara hoje, 18 de março, após a surpreendente notícia do retorno de Nelson Kaufman, o fundador da empresa, ao posto de CEO.
A Vivara é uma renomada marca no ramo da joalheria, conhecida pela qualidade e inovação de suas peças. A notícia da mudança na gestão da empresa mexeu com o mercado de investimentos, gerando expectativas e incertezas entre os acionistas. Além disso, a contratação de um novo CEO pode impactar diretamente na estratégia de crescimento da empresa nos próximos anos.
Desafios no Desempenho das Ações da Vivara
Por volta das 15h55, as ações da joalheria Vivara despencavam 14,45%, a R$ 26,28, em meio a temores de que a mudança represente uma guinada na estratégia da companhia, considerada vencedora por analistas e investidores e tocada desde 2021 por Paulo Kruglensky, que renunciou à posição de diretor-presidente.
‘A reação negativa do papel ao anúncio reflete as preocupações do mercado acerca de possíveis mudanças na estratégia da Vivara, enquanto os investidores tiveram poucas interações com o Sr. Nelson, que saiu da posição de CEO antes do IPO da companhia’, diz trecho de relatório da XP Investimentos. Kaufman deixou o comando da companhia há 13 anos, antes da abertura do capital, ocorrida em 2019.
Naquele momento a companhia era liderada pelo filho de Nelson, Márcio, que deixou a empresa em fevereiro de 2021, para dar lugar a Kruglensky, sobrinho do fundador. Normalmente, os fundadores tendem a voltar para o comando de suas empresas quando as coisas não estão boas. Este não é o caso da Vivara.
Desde a pandemia, a empresa vem apresentando resultados bastante expressivos, passando ilesa aos efeitos da crise que assombra o varejo nacional, conseguindo abrir de maneira bem sucedida uma marca de joias consideradas mais em conta, a Vivara Life.
No terceiro trimestre, a companhia registrou um crescimento de 16,4% da receita líquida, em base anual, a R$ 457,3 milhões, com o lucro líquido somando R$ 76,5 milhões, alta de 12,3%, e o Ebitda ajustado crescendo 23,6%, para R$ 88,6 milhões. O reconhecimento do bom momento pode ser visto no desempenho das ações.
Em 12 meses, as ações da Vivara acumulam alta de 18,4%, levando o valor de mercado da companhia a R$ 7,2 bilhões. Considerando essa situação, a mudança não foi bem digerida, principalmente quando se leva em conta que Nelson Kaufman declarou à imprensa e aos analistas que participaram da teleconferência na segunda-feira, 18 de março, que ele quer avançar na internacionalização da Vivara.
Resultados Expressivos e Internacionalização da Vivara
Atualmente, a companhia conta com 330 lojas pelo País, mas nada no exterior. Segundo os analistas do Santander, apesar de a ida da Vivara para fora sempre ter sido uma possibilidade, eles consideravam como uma ‘opcionalidade’ na tese de investimento.
‘Destacamos, portanto, que as preocupações com a alocação de capital da empresa entre as inaugurações de lojas Life e Vivara no Brasil, e agora uma potencial expansão internacional devem pressionar as ações’, diz trecho do relatório. Essa questão foi levantada também pelos analistas do J.P.
Morgan, que destacaram que a Vivara Life e as estratégias de omnicanalidade, os focos recentes da companhia, vêm apresentando resultados bastante positivos, levando a empresa a se destacar dentro do varejo.
Além das dúvidas quanto à alocação de recursos, os analistas citam as consequências para a governança da companhia, diante de notícias de que a troca causou ruído interno e que não teria sido consenso no conselho de administração da empresa, segundo informações apuradas pelo site Exame.
A ata da reunião do conselho de administração que definiu a troca, realizada em 15 de março, entretanto, traz que os membros do board ‘deliberaram, por maioria, sem quaisquer restrições ou ressalvas’ em aceitar a renúncia de Kruglensky e aprovar a eleição de Nelson Kaufman. Para o J.P.
Morgan, essa situação acaba apontando para um ‘potenciais conflitos de interesse dentro do grupo de controle’, com efeitos nocivos para a governança da Vivara. Os acionistas de referência da joalheria, os membros da família Kaufman, detêm 44,7% do capital da companhia.
Já os analistas da XP entendem que a volta do fundador da Vivara não representa uma mudança significativa a ponto de alterar a recomendação de compra, considerando que ele tem ‘forte expertise no negócio’ e comentou que ‘não deve realizar mudanças muito disruptivas estrategicamente’, mesmo com os planos de internacionalização.
Expansão Internacional e Potenciais Conflitos de Interesse
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Fonte: @ NEO FEED